NO DISC, NO FILMS

O segmento deste blog não é discos e filmes para baixar, embora eu farei comentários sobre discos e filmes que eu gosto e outros que eu não gosto mas acabei assistindo e extraindo algo de legal. Minha opinião pode não interessar para ninguém, mas... pensando bem, tem tanta gente por aí opina e escreve... sou apenas mais um. Apenas um aviso, meus comentários as vezes são corrosivos. Dizem na minha família que eu já nasci rabugento.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

1989, um ano muito louco



O período entre 1988 e 1989 foi um dos mais marcantes para mim. Foi o período em que eu começava a violar tocão, OPS !!! tocar violão, aprender alguns acordes e como a maioria faz, depois que aprende 4 ou 5 acordes e tira “Marcha Soldado” de ouvido, acaba se virando sozinho e adentrando o maravilhoso e infinito Mundo da Música. Como cantou Lulu Santos no ano de 1986 na canção “Minha Vida”

“Quando eu era pequeno
Eu achava a vida chata
Como não devia ser
Os garotos da escola
Só a fim de jogar bola
E eu queria ir tocar guitarra na TV”
Trecho da letra da canção “Minha Vida” de Lulu Santos de 1986.

Claro que eu também sonhava ir tocar guitarra na TV, mas em 88 e 89 ainda era muito cedo pra almejar algo tão grandioso. Eu começava a ficar mais ligado em rádio e ouvia bastante a Jovem Pan, onde ri muito com o programa Djalma Jorge e ouvia bastante a rádio Transamérica. Na época ainda tocava muita coisa nacional. “Nós Vamos Invadir Sua Praia” de 1985, disco sobre o qual falei um pouco no último mês de maio, foi um disco que acompanhei o lançamento do disco. O disco seguinte “Sexo” em 1987, ainda tenho esse disco desde o ano de lançamento. Mas creio que 88 eu entrava para o grupo de jovens da igreja. E, se pra ir tocar guitarra na TV estava fora de cogitação, a minha frase era “e eu queria ir tocar violão na missa”. Bom, pelo menos estava mais perto, já que a igreja ficava na rua de casa. Entrei para o grupo de jovens e ali fiz amizade e fui falando com o pessoal da música e aprendi uma coisinha ou outra e mais precisamente no ano de 1989 eu já estava tocando na missa. Tudo errado, com a justificativa de quem está aprendendo e no início, mas já estava lá. Logo no primeiro ano já me deparo com a Campanha da Fraternidade da CNBB. A campanha do ano de 1989 era “Comunicação Para A Verdade E A Paz”. Na época as músicas da campanha vinham em um compacto de 7” com os cantos de entrada, salmo, aclamação, ofertório, comunhão e o canto final. O encarte era uma folha com as músicas com a partitura e cifras. Algum tempo depois viriam os CDs da campanha, de uns anos pra cá o povo baixa tudo da internet ou pega o vídeo no you tube. Aliás, lembro-me de estar na igreja ensaiando quando ouvimos que Raul Seixas tinha morrido e estava sendo velado no Crematório da Vila Alpina, embora uma reportagem diga que o velório foi no Palácio das Convenções do Anhembi. Dois dias antes tinha sido lançado o último disco de Raul em parceria com Marcelo Nova, embora a música “Carpinteiro do Universo” já estivesse sendo executada nas rádios em aparições no lendário Jô Soares 11 e Meia (onze e trinta e cinco, onze e quarenta e três, meia noite) em Julho... e no Domingão do Faustão em Junho.



A segunda metade da década de 1980 foi importante demais para o rock nacional que vinha produzindo cada vez mais discos memoráveis, mantendo o sucesso de crítica e público que tinham conquistado. Uma das primeiras músicas que saíram do meu violão naquele 1989  foi a “Envelheço Na Cidade” por causa da variação em Ré. Pô, aquilo eu já conseguia tocar! Pensava eu (mesmo com minhas limitações) que era um avanço (do verbo avançar, passar uma etapa, adiantar-se em algo ou alguém, não o desodorante). A introdução da La Bamba (interpretada pelo Los Lobos) também foi algo que eu achei que já estava tocando pra caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaleo, embora tivesse a humildade e reconhecimento próprio que eu ainda era (e seria por muito tempo, acho que sou até hoje) um bosta! “O Astronauta de Mármore” (versão para Starman do David Bowie) com a banda Nenhum de Nós, também foi outro sucesso nacional e uma das primeiras que toquei. “Seguindo Num Trem Azul” embora esteja no disco Roupa Nova de 1985. E a medida que ia ampliando o meu (repertório inicial) ao mesmo tempo eu entrava no mercado de trabalho. Primeiro em uma locadora de roupas para festas e depois em uma loja de calçados do bairro. Um disco que eu sei que eu tive naquele ano de 1989 era o Crescendo do Ultraje a Rigor. Eles tinham gravado a canção “Filha Da Puta”, que tocava no rádio, porém na versão do rádio em vez da palavra “puta” tocava uma buzina. A expressão não era exclusividade do Ultraje em disco, o Legião Urbana já tinha mencionado as proles das profissionais da cama na música “Faroeste Caboclo” no disco “Que País É Este?” lançado em 1987. De repente as rádios foram invadidas por “Carta Aos Missionários” e “Dias Vermelhos” da banda Uns E Outros, “Uma Barata Chamada Kafka” da banda Inimigos do Rei praticamente foi aí que meu apelido “pegou de vez” pois todo mundo cantava pra mim a música da barata que era de escorpião e gostava de Beatles; “Flores” dos Titãs, “Meninos e Meninas” e “Pais E Filhos” do Legião... O ano de 1989 fechou com chave de ouro “pelo menos pra esse que vos escreve” com o lançamento do disco O Blésq Blom dos Titãs no estúdio transamérica tocando ao vivo no dia 03 de novembro de 1989 e transmitido simultaneamente pela TV Cultura. Creio que nunca devo ter sido tão xingado pelos vizinhos nessa noite, pois assisti pela TV e ouvi no rádio num belo par de caixas ignorantes que eu tive e que tragicamente viraram comida de cupins malditos.
1989 ainda não seria o último respiro de grandes músicas de grandes bandas nacionais e grandes álbuns. Creio que o disco dos Mamonas Assassinas de 1995. Vendeu 2 milhões de cópias em seis meses.