quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PAPEL VERSUS TECNOLOGIA


Dia desses, um amigo me falou: Papel, isso não se usa mais! Ainda corremos o risco de sermos vistos como inimigos da natureza, que não gostamos das árvores... Hoje o pessoal abaixo da assinatura nos emails já escreve: Pense antes de imprimir, (só falta completar) olha lá o meio ambiente hein? O que muita gente não sabe é que as indústrias de papéis têm sua própria reserva e derrubam suas próprias árvores.

O quadro hoje é: não se guarda mais as coisas, não se anota mais nada, é tudo anotado no celular, iphone... como você anota o telefone de um amigo? No seu celular pai de santo que só recebe ligação ou liga a cobrar? Você vai precisar ligar de um telefone fixo, mesmo que você seja patrão, ligação originada de celular, em termos de tarifa, o valor ainda é alto. Tudo bem, você que está lendo pode pensar: Baratta, seu pobre, faz um plano doido aí de uma operadora e faça ligações para onde e para quem quiser e fale pelo tempo que quiser. Mas aí eu rebato: Só para não usar papel? A ata de uma reunião, como se faz reunião sem papel? Com notebook, com tablet, computador... O ser humano precisaria ficar refém de um equipamento eletroeletrônico, pen drives, hds externos, o recado de não sei quem que ficou no email que mandou não sei quando...? Para um professor passar de mão em mão dos alunos uma revista por exemplo, ele passaria o seu notebook para voltar cheia daquelas marcas horrendas de dedos engorduradas de salgadinho ou de catota? Sei lá...

Os ebooks (livros eletrônicos), por exemplo. O livro vem como um arquivo em pdf ou Word para ler (o que não me convence, pois alguém pode ter mexido nas entrelinhas), a menos que tenha sido scaneado, mas para scanear alguém precisou comprar o livro em seu formato físico. Uma coisa que eu constatei foi que eu não tenho paciência para ler livro no computador. Notebook? Creio que o livro seja menos pesado e não precisa ligar, para abrir a tal pasta, abrir o tal arquivo... Mas concordo que existem livros que são meio desconfortáveis para levar numa bolsa, mochila e desconfortáveis demais para ler no ônibus em pé.

Os jornais então. Qual o formato que o leitor prefere? Depende. Se o leitor trabalha de segunda a sexta sentado em uma mesa de escritório com um computador a sua disposição, vez ou outra tomando aquele cafezinho esperto, isso possibilita que esse leitor veja a mesma notícia em vários portais e tire uma conclusão se baseando no que foi falado na maioria deles. Agora, quem só tem acesso ao jornal ao passar por uma banca, trabalho em pé, como o leitor que trabalha em uma loja, ele não tem um computador o dia inteiro a disposição dele o dia todo.

O áudio book vem em arquivo mp3. Nesse formato o autor ou alguém com uma boa leitura narra o livro. Ouvi o áudio book sobre o Tim Maia narrado pelo próprio autor o grande Nelson Motta. Uma característica que me chamou atenção foi às vezes em que o Nelson ao citar uma frase de Tim, falava imitando a voz de Tim. Aí vai todo um trabalho de entonação, interpretação, achei interessante por esse ponto de vista, ou melhor, de audição.

Desde pequeno meus pais me falam de uma revista do ano em que eu nasci. Poxa, a qualidade gráfica, o formato da revista, o design editorial, as propagandas, tudo era diferente em 1974. É uma revista Manchete sobre a cidade de São Paulo. Uma revista editada, impressa no ano em que eu nasci, sobre a cidade em que eu nasci... como é legal TER isso guardado. Nostalgia? Sei lá, algum pai ou mãe faria isso hoje? Ou daqui a dez, quinze anos, o pai vai falar para o filho:

Olha, esse pen drive aqui além de ser da época que você nasceu, tem links com matérias e imagens da época que você nasceu, com sorte os links não terão expirados... Indo além ainda, qual seria a vida útil de um pen drive?

O estudante hoje não vai mais a biblioteca pesquisar livros em virtude de um trabalho da escola. Em outras épocas era comum a pessoa sair de casa, ir a biblioteca, procurar um livro sobre determinado assunto, mas hoje em dia, acha se tudo na internet. Professor de faculdade, pode ser arrogante, mas tiro o chapéu para aqueles que quando pedem um trabalho, querem a bibliografia, página, autor, editora... assim o aluno pesquisa, aprende a procurar por livros em seu aspecto físico.

Em 1971 Zé Rodrix, o saudoso e talentosíssimo Zé cantava: “...onde eu possa guardar meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais”. O nome da canção é Casa no Campo. Hoje essa geração guardaria seus livros e discos onde? No computador que pode pegar vírus, que as vezes é bom formatar, ou tragicamente pode se perder tudo em questão de segundos...

Estaríamos em uma fase de transição de aproveitar mais os espaços da casa? Antigamente era muito comum ver em lojas de móveis, as monumentais estantes. Simples, duplas, triplas, tudo com espaço suficiente para guardar os discos de vinil (lps), livros, fitas de vídeo (estas eu concordo que tomam um espaço desnecessário), local para colocar a TV, o aparelho de som, porta retratos, uma infinidade de possibilidades. As estantes foram sumindo e dando lugar aos racks. Praticamente apenas a parte debaixo da estante com um compartimento para CDs, a TV geralmente se colocava em cima e o vídeo cassete em um compartimento feito sobre medida para ele. Nos racks sempre tem uma gaveta que serve para colocar papel, pilha gasta, geralmente algo que a pessoa procura na casa toda, menos na tal gaveta. TV, a cada dia mais finas, pode ser presa na parede. É a tecnologia a serviço do ser humano, visando o conforto ou a indústria de eletroeletrônicos não pode parar de ter idéias mirabolantes pra garfar mais um do seu bolso? Você consegue acompanhar a tecnologia de hoje em dia?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

INTERNET NOSSA DE CADA DIA

Eu juro que tento me ver daqui alguns anos. Além de mais gordo, chato e rabugento, fico imaginando como irei estar em termos de tecnologia. Tecnologia a gente pensa em telefonia móvel que também é assunto pra postagem, mas tentarei falar nesse momento sobre internet. Claro, pois tudo em termos de tecnologia, pelo menos para mim chegou tarde. Não reclamo, claro, chegou tarde, mas chegou.

Computador, lembro de quando perguntei a um amigo como fazia para eu ter um email, amigo aliás que é seguidor desse blog.

O divisor de água da internet foi de 1998 para cá. O que eu passava colecionando em termos de música, banda, fotos, letras de música começava a aparecer na tal internet. As músicas cifradas que tocávamos nas revistinhas vendidas na banca de jornal, revistas com o sistema Imprima de cifragem, poxa, começavam a aparecer na internet...


Sem contar que passamos pela era da internet discada, o modem fazia aquele barulhão absurdo quando conectava. As páginas carregadas demais com fotos, ou vídeos, a gente abria, enquanto ia carregando dava tempo de tomar um café, voltar e quando finalmente o site estivesse 100% apto para navegar, a conexão caía. Ainda tinha o pessoal que esnobava tendo duas linhas telefônicas em casa: uma para fazer e receber ligações e outra só para se conectar à rede mundial de computadores. Hoje os sites abrem num segundo.

Hoje o internauta digita qualquer coisa no Google e aparece uma página com o que tiver sobre o assunto, seja matéria escrita, notícia, foto, monografia, ebooks, vídeo, me pergunto, onde tudo isso vai parar?

Lembro de perguntar ao pessoal do escritório onde eu trabalhava, onde eu poderia achar fotos dos Beatles por exemplo. Mãe do céu lá pelos idos de 98 ou 99 achara um site em que encontravam se fotos até então desconhecidas por mim. A face colecionador dá as caras quando eu disse: Pô imprime isso pra mim.

A internet é mais ou menos aquele velho ditado: Usando bem, que mal tem? Ou seria melhor colocar um aviso no monitor: Aprecie com moderação. E quando a internet vira vício?

Logicamente, se a pessoa anda se afastando das pessoas reais cada vez mais, não sai mais, qualquer tempo em casa, já corre para o computador, não assiste mais um filme, não conversa mais com a família, compra pela internet, não liga mais uma TV, não vai a um cinema, a um espetáculo de teatro, pois amanhã ou em dois dias (alguma boa alma) joga no you tube mesmo... Pode usar o argumento: Em tempos de violência seria melhor ficar em casa mesmo... mas lógico!!! NÃO É E NUNCA VAI SER A MESMA COISA.

Respirar ar puro (ok, poluição eu entendo), mas ver pessoas, trajeto, pegar um ônibus, metrô, andar por aí... não faz mal a ninguém.

Um papo entre três alunos num ponto de ônibus esses dias, eu perto ouvindo e de uma certa forma incrédulo no que ouvia:

- E aí, você vai entrar hoje?

- Não sei, preciso pesquisar algo para o trabalho.

- Ah tudo bem, bom, se entrar me chama, eu vou estar jogando com fulano, beltrano e cicrano.

- Tendeu. (nova forma de falar Entendi)

Penso na minha infância onde eu gostava de sair de bike, jogar bola, curtir a noite com os amigos no portão, jogando taco na rua, não se vê mais esse tipo de coisa hoje. Não é só culpar os tempos de hoje, as crianças, a juventude está cada vez mais refém do computador hoje em dia. As pessoas estão mais preocupadas em ir a um show ou balada para postar as fotos no Orkut, ou Facebook.., e são sempre fotos do mesmo teor. Três ou quatro pessoas grudadas sorrindo e um bração esticado, logicamente do fotógrafo ou fotógrafa. Nada contra as pessoas postarem fotos de momentos inesquecíveis. Mas qual a real finalidade disso tudo? É sair estar com os amigos ou mostrar os lugares que freqüenta, o tipo de amigos que tem, as viagens que faz, com a principal intenção que tudo aquilo é para as pessoas verem? E se tratando de fotos, antigamente as pessoas mandavam revelar as fotos e as viam em um álbum junto com a família ou com os amigos, na cozinha, ou na escola, no ambiente de trabalho, hoje, precisa ter um computador ou notebook por perto.


A família moderna eu visualizo mais ou menos assim. O pai sentado na sala com o notebook vendo as últimas notícias do seu time, manda um scrap para a esposa (na cozinha xeretando a vida dos outros e vendo aquelas intermináveis apresentações de PowerPoint enviado por alguma amiga do trabalho com os títulos: Lindo, não vale chorar!; Essa é para você repasse) pelo Orkut pedindo sua cerveja, a esposa que responde com um singelo: vem buscar; curte um comentário da filha no Facebook e escreve com letra maiúscula: O JANTAR TÁ NA MESA E CHAMA O SEU IRMÃO; que está no quarto jogando e pede que deixe seu prato no microondas que ele se vira mais tarde, pois agora ele não pode deixar o jogo senão ele morre! Virtualmente claro.

Agora a moda é postar o dia a dia em redes sociais. Orkut e Facebook são os mais tops de exemplo de mau uso por parte dos usuários registrados. No Orkut existe um campo logo no início denominado status, para a pessoa colocar o que está pensando ou quer dizer. Alguns usuários postam uma frase para se pensar, ou colocam um vídeo, ou um link de uma notícia interessante, ou um pensamento profundo... até aí tudo bem. Mas tem gente que posta o dia a dia e fica: Oh que sono, acordei; Voltei do teatro; vou ao banheiro; oh que frio... Agora me pergunto: Será que o brasileiro avacalhou com a coisa e definitivamente não sabe usar as redes sociais ou é o jeito brasileiro de se comunicar via web? Pior que essas postagens são os comentários e (curtições) dos amigos. Internauta diz: Oh que preguiça, tenho que ir trabalhar. Os amigos curtem, comentam e tornam a postagem pior do que a idéia de quem postou.

Isso que eu não falei dos malditos aplicativos tipo joguinho da fazenda, moedas, responder uma pergunta estúpida sobre um amigo, recentemente tenho visto aplicativo que pegou a mulherada de jeito: horóscopo! ... é duro dividir espaço na internet com gente assim.

Como eu já falei, sou rabugento, eu sei. Mas para mim, postar esse tipo de comentário, dor de cabeça, oh que calor, oh que frio, que tédio, isso para mim é falta de conteúdo e desperdício de tempo. Postar fotos de viagens ao fundo do mar, é ostentação. Acho legal quando são fotos tipo (momento em família), isso é legal. Postagem de vídeo, matéria, artigo, que seja foto, tudo bem, mas algo que vá acrescentar algo de positivo, informativo, reflexivo ou cultural a outra pessoa (que no caso seria o seu público alvo).