Ficha Técnica
Gravado entre 18 de Julho até 23 de
Outubro
As
mixagens ficariam para os dias 29 e 30 de Outubro
Lançamento: 22 de Novembro de 1963
(Reino Unido) pela Parlophone
Meet the Beatles 20 de janeiro de 1963 pela
Capitol nos EUA
The Beatles Second Album
10 de abri de 1964.
Fotos: Robert Freeman
Texto da contra capa de Derek Taylor
Corria o ano de 1963 e os compromissos triplicavam
no universo Beatle. Todo o sucesso que buscavam, estava enfim aparecendo.
Também, enquanto hoje em dia bandas na trilha do sucesso, quando os integrantes
teem seus empregos e tocam de fim de semana ou sexta feira a noite, com os
Beatles eram diferentes e muuuito diferentes. Chegavam a tocar em dois lugares
num mesmo dia, show todos os dias. Eles sim foram músicos com louvor e muito
suor. Além dos shows, como estamos comentando ainda o segundo LP, eles já
tinham inúmeras aparições em TV, rádio, 1963 é o ano em que eles começam a
tocar na BBC. Bem que as estações de rádio de hoje em dia poderiam abrir um
espaço para bandas em início de carreira e produzir festivais ao vivo,
qualidade de som de rádio mesmo. Mas, abrindo os olhos para a realidade, como
hoje em dia não tem nada que presta mesmo... E o pessoal que faz um trabalho
realmente legal e digno de divulgação, não tem espaço. Enfim, voltando, Get
Back. Um mês antes do início das gravações, aconteceu o último show dos Beatles
no Cavern Club. Nessa época eles tocavam em lugares como Odeon Cinema, ABC
Theatre em Blackpool, Playhouse Theatre e lugares que comportavam mais público.
Capa
O With the Beatles é provavelmente o disco da capa
mais copiada em todo o mundo. Roberto Carlos foi um que em 1966 não perdoou e
fez uma capa descaradamente igual, até a blusa foi igual. Só faltou escrever
With Roberto Carlos, vulgo Zunga! Se não for a mais copiada, tenho a certeza
que ele influenciou e deu um violento impacto em muita gente. A capa chama
atenção sendo uma capa de disco, camiseta, banner, pôster, bandeira... Mas para
falarmos um pouco mais sobre a capa voltemos um pouco no tempo, mais
precisamente no ano de 1962.
No dia 10 de abril de 1962, morria Stuart Sutcliffe,
o primeiro baixista dos Beatles. Curiosamente no mesmo 10 de abril porém só em 1970
sairia a manchete no jornal Daily Mirror de que Paul estava deixando os
Beatles. No documentário sobre George Harrison, Living in the Material World,
dirigido por Martin Scorcese, Astrid Kirchherr conta que pouco depois a morte
de Stu, John e George foram visitá-la. John perguntou se poderia ver o quarto
onde Stu pintava, quando viu sentou em um banco visivelmente emocionado,
sofrendo pela perda do amigo e nesse instante Astrid bateu a foto. Pediu para
que George ficasse ao lado de John. As fotos no site http://www.beatlesbible.com/gallery/1962-photos/john-lennon_1962_06/
... estão datadas de 13 de abril de 1962.
No livro O Diário dos Beatles, Barry Milles diz que
a foto da capa foi feita com Robert Freeman em um restaurante onde estavam. As
cortinas do local, junto com a luz que entrava pela janela teriam dado o efeito
de suas faces semi-iluminadas.
Dando sequência para a bagunça da discografia, as
diferenças entre a discografia inglesa e a discografia no resto do mundo são
gritantes. Cada gravadora em seu país poderia lançar a capa, com repertório que
bem entendesse. Porém todos os lançamentos seguiriam a discografia inglesa a
partir de 1988. Porém até lá as discografias brasileira e americana teriam seus
próprios lançamentos em relação à capa e músicas.
Lado A
- It Won´t Be Long (Lennon-McCartney)
Seguindo a linha do refrão de She Loves You, lançada
em Agosto de 63 como single, o recurso Yeah, Yeah, Yeah, aqui seria uma
tentativa de repertir o sucesso do single. A música é forte, abre o disco com
muita energia. Essa canção nunca foi tocada ao vivo.
- All I´ve Got to Do (Lennon-McCartney)
John inspirou se em Smokey Robinson Música com dois andamentos
diferentes, música forte que mantém o (padrão de qualidade beatle). Destaque
aqui para a bateria. Enquanto muita gente fala que Ringo era limitado em
relação a técnica, o que muita gente não entende é que Ringo era antes de mais
nada um compositor de bateria.
- All My Loving (Lennon-McCartney)
Outro sucesso que muita gente conheceu primeiro a versão
em português do Renato e Seus Blue Caps, “Feche os Olhos”. Essa canção traz uma
diferente linha de bateria tbm, fugindo da tradicional (levada) rock n roll.
Destaque para a linha de baixo conduzida por Paul. Fazer tudo aquilo que ele
faz, sem olhar e cantando, só ele mesmo. Quando Paul canta mais alto, George
faz as harmonias junto com Paul.
- Don´t Bother Me (George Harrison)
Eis aqui a primeira canção de George Harrison num
disco oficial. A primeira mesmo que se tem notícia seria a “In Spite of All the Danger” parceria com Paul
McCartney e Cry For A Shadow, parceria com Lennon. Mas Don´t Bother Me é a
primeira composição de Harrison sozinho, onde já é possível ver como George
compondo pensava numa linha diferente de Lennon & McCartney. A canção tem
uma levada diferente. Andamento, sequência de notas, bateria... O próprio
George disse que essa canção era meio que um teste e falou a célebre frase que
muitos falaram: Se eles (Lennon e McCartney) podem compor, eu também posso.
- Little Child
(Lennon-McCartney)
A canção traz um arranjo meio diferente, com Ringo
alternando entre duas vezes na caixa e uma. Essa seria uma clássica música, um
rock n roll bem anos 60 mesmo. Solo de gaita, pianão comendo solto, banda bem
entrosada.
- Till There Was You (Meredith Willson)
Paul conheceu a canção com a prima mais velha Bett
Robbins. Música do compositor americano para sua peça The Music Man. A canção
mostra a versatilidade dos Beatles da transição de um rock n roll autêntico e
uma balada com violões e bongô. A canção fazia parte do repertório dos Beatles
desde a época de Hamburgo. Ela foi apresentada também no Royal Variety Show,
para a rainha.
- Please Mr. Postman (Georgia Dobbins, William
Garrett, Freddie Gorman, Brian Holland, Robert Bateman)
Música originalmente gravada por The Marvelettes,
consta que com Mr. Marvin Gaye on the Drums. Também foi gravada pelos
Carpenters em 1974. Aqui os Beatles usam o recurso das palmas e a canção começa
com uma pedrada no chimbal já iniciando a música. Ringo tem uma característica
que preenche a música em sua plenitude, chimbal aberto. E cá entre nós, eles
cantam divinamente...
Lado B
- Roll Over Beethoven (Chuck Berry)
O lado B abre com a pedrada de Chuck Berry. Nos
tempos de Hamburgo, mais precisamente no disco Live ar Star Club in Hamburg,
1962 ela tem um andamento mais rápido. Os vocais aqui são de George Harrison, arrancando
gritos da guitarra e Ringão praticamente chutando o bumbo. Música para começar
o dia bem.
- Hold Me Tight (Lennon- McCartney)
Essa música faria parte do 1º LP dos Beatles. Mas
foi regravada para o 2º. Paul canta a canção. No verso “Don't
know what it means to hold you tight Being here alone tonight with you” há a famosa
(paradinha) conhecidas nas canções de Paul McCartney. É como se fosse uma parte do meio para
a volta com gás total. Paul usaria muito esse recurso nos anos seguintes.
- You
Really Got a Hold on Me (Smokey Robinson)
Original
do grupo The Miracles na Motown de 1962. Os primeiros takes mostram o arranjo
da introdução feita na guitarra, posteriormente no piano. A voz de John está
impecável nesta canção. A música foi revisitada pelos Beatles nas filmagens de
Let it Be em uma cena em que eles estão na Apple.
- I Wanna Be Your Man (Lennon-McCartney)
John e Paul voltavam de um almoço num táxi quando
viram na rua Andrew Oldham (empresário dos Stones). Chamou Andrew e o papo
rolou que ele estava acompanhando a gravação dos Stones. Quando lá chegaram,
conversando com Mick e Keith, souberam que os Stones precisavam de uma música.
Faltava terminar de compor. Paul e John foram para um canto e terminaram. Na
gravação dos Beatles, Ringo está nos vocais.
- Devil in Her Heart (Richard Drapkin)
Canção
escrita por Drapkin para o grupo Donays de Detroit. A canção traz a voz dobrada
de George, John e Paul como backings e Ringo na bateria e maracas. Essa música
já foi até chamada de samba em uma revista. Porém mais uma vez mostra a
versatilidade dos Beatles com ritmos diversos e arranjos.
- Not a Second Time (Lennon/McCartney)
Aqui curiosamente um solo de piano, tocado por
George Martin. Essa música, aliás, esse disco mereceu uma resenha no The Times
de William Mann falando das cadências eólicas. No livro de Barry Milles, o
comentário é atribuído a essa canção. Na entrevista de John Lennon para a
revista Playboy em 1980, John atribui o termo cadência eólica para a canção It
Won´t Be Long. Ao ser perguntado por David Sheff se havia de fato as tais
cadências eólicas na canção, John disse: Até hoje não faço ideia do que sejam
cadências eólicas. Serão pássaros exóticos?
- Money (Tha´s What I Want) (Janie Bradford/Berry
Gordy)
O disco fecha com a pedrada Money. Talvez repetindo
a fórmula do primeiro LP, o disco fecha com uma canção com John Lennon nos
vocais, uma musica vibrante, empolgante deixando aquela sensação de quero mais.
Note que o primeiro disco abria com I Saw Her Standing There e fechava com
Twist And Shout. Em With The Beatles os Beatles abrem com It
Won´t Be Long e fecha com Money.
Considerações
Finais.
O Segundo LP consolida o sucesso do grupo na
Inglaterra. Foi lançado em 22 de novembro de 1963, mesmo dia em que JFK foi
assassinado nos EUA. Aqui o grupo ainda toca os covers que tocavam no Cavern,
no Star Club. A banda está mais entrosada. George Martin já tem uma ideia de
como trabalhar com o grupo. É o disco de estréia de George Harrison como
compositor. É o primeiro LP dos Beatles onde pode se escutar piano, desse disco
pra frente, o (Day by Day) no estúdio seria um grande aprendizado para John,
Paul, George e Ringo. Nem é preciso dizer que o disco é obrigatório para quem é
fã ou não dos Beatles.
Para terminar, a capa é uma das mais copiadas até os dias de hoje.