Essa história começa na extinta (e bem mais legal) rede social chamada
orkut. Como sempre fui fã de Roberto Carlos, Elvis Presley e Beatles, na
extinta rede social tinham as comunidades, o que hoje naquela rede social que vocês
participam, são chamados de grupo. Tanta parafernália, pode comentar com foto,
com gif, com figurinha, mas ainda hoje sinto saudade do Orkut. Eis que em uma
comunidade sobre o Roberto Carlos acabei lendo a resenha do disco do Roberto de
2005. A resenha era do meu amigo Marlos. O Marlos é produtor musical,
compositor, arranjador e técnico de som. Trabalha com algo que eu sempre quis
trabalhar, mas não consegui (tá bom, não corri atrás). Sempre gostei de ler
resenhas e opiniões sobre discos, ainda mais dos discos que eu também gosto e
conheço. Entre papose comentários sobre
a carreira e obra do Roberto, sobre os discos, sobre os discos em espanhol,
sobre os especiais de fim de ano. Enfim, conversamos desde 2005, por email, o
também extinto MSN e eis que tive a oportunidade de conhecer, agora pessoalmente,
esse amigo de longa data aqui mesmo em São Paulo. Foi agora em 2017, meu amigo
Marlos veio e ficou apenas um dia na cidade e fui encontrá-lo depois do meu
serviço. O papo começou no boteco e acabou em um passeio de metrô. Tinha
assunto pra cacete pra botar em dia. O papo rolou sobre Roberto Carlos, Julio
Iglesias, Johnny Mathis, música em geral, gravação em casa, produção de discos,
mercado atual, etc. Basicamente sobre tudo que conversamos desde 2005. A visita
durou um só dia, ele veio para um workshop em um estúdio em SP. O papo de anos
e anos revelou muitas coisas em comum. Uma delas é o fascínio e a familiaridade
com o selo da CBS. Crescemos vendo isso nos discos do Roberto. A familiaridade
com o selo é tanta que o próprio Marlos postou uma vez um desenho que ele fez
quando criança.
Marlos além de decorar a ficha técnica de um disco, decorava o CGC da
gravadora. O Marlos também tem um blog que pode ser acessado pelo endereço http://marloschambela.blogspot.com.br/.
Extremamente complicado falar do Jerry hoje. O responsável por tantas
risadas, tantos filmes, um gênio a serviço do bom humor e dos filmes de
qualidade. Ah, você leitor é do tipo que curte mais um filme com efeitos
especiais, explosões, fim de mundo, ou carros velozes e feiosos, ou ficção
interplanetária ao estilo do desenho Os Jetsons, definitivamente essa postagem
não lhe chamará a atenção. Boa parte das minhas lembranças de infância é de ver
os filmes desse gênio que nos deixou ontem com 91 anos. Jerry Lewis faleceu na
manhã de domingo dia 20 de agosto de 2017 em sua residência em Las Vegas. Seus
filmes fizeram muito sucesso no cinema e na TV brasileira também, os filmes
eram exibidos na Sessão da Tarde. Se pensarmos apenas na categoria comediante:
ok, vários comediantes vieram depois dele; ok, cada um tem lá o seu estilo
próprio; ok, Jerrynão foi o único na
história do cinema que atuava e dirigia seus filmes, mas Jerry tinha um estilo
único de trabalhar. No DVD do seu filme “O Professor Aloprado”, que para muitos
fãs é o seu melhor filme, há entre os extras um mini documentário com o nome de
“Jerry Lewis At Work” de aproximadamente 30 minutos. Ali Jerry conta como
costuma trabalhar, o que gosta ou não gosta, de como foi difícil partir para a
(carreira solo) no primeiro filme “O Delinquente Delicado” de 1957, a mega
produção “Cinderfella” ou “Cinderelo Sem Sapato” de 1960, entre outras
revelações do próprio Jerry. Algo dito por Jerry nesse documentário me chamou
atenção foi que ele fazia filme para a família. Sua visão além do tempo é algo
que faz a gente parar para pensar. Em “The Patsy” ou como foi chamado no Brasil
“O Otário” de 1964, é gritante a alfinetada nas celebridades instantâneas,
coisa que no Brasil a gente vê surgir a cada minuto. No filme Jerry faz o papel
de Stanley Belt, um empregado do hotel onde está hospedada a equipe de um
famoso comediante que morre de uma hora pra outra. Preocupados com seus
empregos, a equipe decide que seria melhor outro artista assumir o posto de
novo comediante. E enxergam em Stanley Belt aquele que poderia ser o novo
artista. Por mais que Belt nem sonhe com isso. Os filmes de Jerry podem ser
vistos hoje como fracos ou leves, mas esse tipo de comentário você provavelmente
vai ouvir de alguém que busca algo mais rebuscado no cinema. Os filmes que
(fogem da realidade) tem feito notório sucesso de uns anos pra cá, mas não faço
parte desse público. Prefiro mil vezes os filmes do Jerry, da Marilyn, do
Elvis, dos Beatles, do Chaplin...
No começo da década de 90 ouvia muito se falar em House Music, os
“poperô”, ou “putz putz”, estilo de música só pra dançar que a gente que ouvia
rock n roll não se animava nem um pouco em ouvir. O pessoal da minha geração
lotava casas como Overnight, Toco, Contramão com seus figurinos de cabelo
estilo poodle, ombreiras e calças com a cintura na altura do estômago. O estilo
fez sim muito sucesso. Eu mesmo nunca fui, pois enquanto o pessoal ia dançar os
“poperô” eu estava dentro da minha casa tocando violão, compondo “embora as
minhas primeiras músicas fossem terríveis”, mas tudo bem, pensava “foda-se,
devo ser um gênio incompreendido”, redescobrindo coisas como Led Zeppelin,
Janis Joplin, conhecendo pouca coisa e “na época torcendo o nariz” para os
Doors e conhecendo Mutantes, mas eu estava na minha. A resposta do rock n roll
para o poperô veio em forma de disco. O disco foi um sucesso tão grande que
todas as emissoras de rádios de repente estavam tocando. Não era algo
nostálgico que servia só para os amantes do rock n roll dos anos 50 e 60. As
músicas de fato agradaram a muita gente, tanto quem curtia como quem não curtia
o rock. Até quem curtia os poperô acabou achando interessante. Em todas as festas
de aniversários de amigos esse disco tinha presença garantida.
A resposta foi o disco Jive Bunny and Mastermixers, de 1989. Trata-se
de um divisor de águas para aquela geração por vários motivos. Voltando um
pouco na história, Jerry Lee Lewis tinha voltado aos holofotes pelo filme Great
Balls of Fire também de 1989. Dois anos antes em 1987 tinha sido a vez do filme
La Bamba, que contava a história de Ritchie Valens. O pessoal daquela geração
finalmente tinha algo para redescobrir o rock n roll dos anos 50 e 60.
A origem de tudo foi em Yorkshire, Inglaterra. Infelizmente o único
texto disponível na internet (em português) sobre o Jive Bunny está no
Wikipédia e todo mundo de todos os blogs acabaram copiando.
DJ Doncaster e Les Hemstock criaram o mix original de “Swing The Mood”
para o serviço Mastermix DJ da Music Factory. Ian Morgan e John Pickles que tiveram
a ideia de juntar em mix o rock n roll antigo, citado em todas as fontes como “Pop
Oldies”.
Uma matéria no The Guardian conta que “Parece curiosamente apropriado que Jive
Bunny tenha sido concebido em uma loja de eletricidade da Doncaster pelo
proprietário John Pickles e seu filho de 19 anos, Andy, que teve uma fila em
expansão na confecção de mixtapes para DJs. Percebendo que uma mistura de
melodias de rock feitas por um de seus DJs, Les Hemstock, estava derrubando uma
tempestade, Andy ajudou Hemstock a retrabalhá-lo; Enquanto isso, seu pai
criou um rótulo, e eles montaram um vídeo da filmagem de dança do pós-guerra
liderada por um coelho de desenho animado. "Nós pensamos que era essa
estúpida idéia que vendesse alguns registros", ri Andy. Mas Jive
Bunny vendeu milhões.” As crianças ficaram presas porque era um coelho de
desenho animado, a população bêbada a via como um registro de festa, e mães e
pais lembraram as velhas músicas", diz Andy.
Foi sucesso na Inglaterra, Estados Unidos e também aqui no Brasil. O
disco vendeu muito bem e o projeto Jive Bunny produziu mais alguns discos, mas
sem o impacto que teve esse primeiro de 1989. Alguns amigos meus dizem que esse
disco os motivou a procurar os originais como Chubby Checker, Everly Brothers,
Del Shannon, Bill Halley, Glenn Miller, Little Richard, entre outros.
Lado 1
Swing The Mood
In The Mood
(A.Pazlof/J.Garland)
Pennsylvania 6-5000 (G.Sigmond/J.Gray)
Little Brown Jug (Trad. Arr. Doherty/Anderson)
Let's Twist Again (Mann/Appell)
Rock Around The Clock (Freeman/DeKnight)
Rock A Beatin' Boogie (Haley)
Tutti Frutti (LaBostrie/Penniman/Lubin)
Wake Up Little Suzie (F.&B.Bryant)
C'Mon Everybody (E.Cochran/J.Capeheart)
Hound Dog (Leiber/Stoller)
Shake, Rattle And Roll (Calhoun)
All Shook Up (Presley/Blackwell)
Jailhouse Rock (Leiber/Stoller)
At The Hop (Singer/Madara/White)
Rock And Roll Party Mix:
Tutti Frutti
(Labostrie/Penniman/Lubin)
Roll Over Beethoven (Berry)
Ooh My Soul (Penniman)
Keep A Knockin (Penniman)
Shout Shout (Knock Yourself Out) (Marasca/Bogdany)
Lover´s Mix
All I Have Is To Dream
(F.&B.Bryant)
Silence Is Golden (Gaudio/Crewe)
Rhythm Of The Rain (J. Gummoe)
Will You Still Love Me Tomorrow (King/Goffin)
Diana (Anka)
Do You Wanna Rock
Do You Wanna Dance
(B.Blue /R.Rocker/G.Shury)
Do You Wanna Touch Me (Glitter/Leander)
Get It On (M.Bolan)
Teenage Rampage (Chinn/Chapman)
Hot Love (M.Bolan)
Devil Gate Drive (Chinn/Chapman)
I'm The Leader Of The Gang (Glitter/Leander)
Lado 2
That´s What I Like
Hawaii 5-0 (Morton
Stevens)
Let's Twist Again (Mann/Appell)
Let's Dance (Jim Lee)
Wipe Out (Wilson/Fuller/Hill/Conolly)
Great Balls Of Fire (J.Hammer/O.Blackwell)
Johnny B. Goode (Riff) (Chuck Berry)
Good Golly Miss Molly (Richard Penniman)
The Twist (Hand Ballard)
Summertime Blues (Riff) (Cochran/Capeheart)
Razzle Dazzle (Calhoun)
Runaround Sue (E.Maresca/D.Dimucci)
Chantilly Lace (J.P. Richardson)
Glenn Miller Medley
In The Mood
(A.Pazof/J.Garland)
Little Brown Jug (Trad. Arr. Doherty/Anderson)
American Patrol (Trad. Arr. Doherty/Anderson)
Pennsylvania 6-5000 (G.Sigmund/J.Gray)
Swing Sisters Swing
Chattanooga Choo Choo
(Warren/Gordon)
Don't Sit Under The Apple Tree With Anyone Else But Me (Brown/Tobias/Stept)
Hold Tight (Brandow/Spotswood)
The Coffee Song (Bob Hilliard/Dick Miles)
Lullabye Of Broadway (Dublin/Warren)
Boogie Woogie Bugle Boy (Rayne/H.Price)
String Of Pearls (Gray/DeLange)
St. Louis Blues (Handy)
Hopping Mad
Shout (Isley Brothers)
March Of The Mods (Tony Carr)
Da Doo Ron Ron (Spector/Greenwich/Barry)
Come Back My Love (Bobby Mansfield)
Runaway (Shannon/Croock)
Poetry In Motion (Kaufman/Anthony)
Lucille (Penniman/Collins)
I'm Into Something Good (Goffin King)
Help Me Rhonda (Brian Wilson)