domingo, 2 de outubro de 2011

QUALQUER COISA MENOS ROCK IN RIO

Eu não poderia deixar passar essa semana sem falar o que gostei e do que não gostei nessa edição do Rock in Rio. Já começa pelo nome. Um festival que a Globo insiste em mostrar como sendo um festival de família, que é capaz de reunir várias gerações, como a vovó rock n roll “que a mídia mostra como um membro da família curioso, engraçado e até divertido”, o netinho que já tem banda preferida “que vai pertencer a uma geração pior do que a de hoje que busca as informações e músicas na internet”... não deveria se chamar Rock in Rio. Primeiramente porque ali há uma diversidade de estilos, ritmos e combinações de artistas como as mirabolantes experiências feitas no programa Altas Horas. Já daria até pra fazer uma previsão da próxima edição, no palco Principal, hoje palco Mundo, o show do Nahim com System of Down. Ou uma cantora de funk com a Orquestra Filarmônica de Londres. Ou a sertaneja Paula Fernandes com Sepultura.

Que existam as várias opções de gêneros musicais e manifestações de arte, ótimo, pois afinal é mais grana entrando para os organizadores, patrocinadores, até quem está do lado de fora vendendo camiseta, bandeira, boné, agradece. Logicamente eu se estivesse no lugar do evento não perderia a oportunidade. Mas não é um festival de rock. Em 1967 teve o Monterrey Pop Festival, mais tarde o Woodstock, onde os cartazes diziam, 3 days os peace, music and Love.l

Mais tarde o Isle of Wright, ou seja, nenhum festival foi tão pretensioso a ponto de se autodenominar como um festival de rock. Dão um tratamento para o rock como se fosse uma coisa de vovôs saudosistas ou juventude que não está nem aí pra porra nenhuma. O que não é verdade, falo isso como rockeiro. O tratamento que a mídia hoje destina ao rock me entristece profundamente.

Agora, as homénages feitas foram de foder. Cláudia Leitte, faz uma versão de Dyer Maker do Led Zeppelin, o que deixa qualquer fã do Zeppelin puto. Shakira manda uma versão indiana de Nothing Else Matters do Mettalica que acabou com a música. Ivete destrói (pra não dizer outra coisa) em More Than Words, será que o Nuno Bettencourt que tocou com a Rihanna ouviu isso?

Mas para mim, o festival teve momentos ótimos. Para quem gosta de soul music, Stevie Wonder foi impecável. De rock o Lenny Kravitz fez um puta show também, desceu lá no meio do público, andou entre os cercados que arrebanhava o povo lá. Elton John foi ótimo também. Guns n Roses faz um show no momento em que eu escrevo esta postagem, tocando embaixo de chuva, nas primeiras músicas o pessoal do festival precisou empunhar uns rôdos pra tirar a água que já empoçava no palco.

Boa parte molecada que compõe o público ali também nunca viveu a experiência de sair de casa de ônibus para ir até a cidade comprar um disco da sua banda ou artista preferida, pois hoje em dia tem tudo na internet e ainda se acham espertos demais por ler as informações na internet. Rock in Rio é marca. Os “apresentadores” televisivos do evento, boa parte vinda da MTV é um pessoalzinho que se acha entendido demais.

Agora, daqui pra frente, agüenta a meia dúzia com camiseta com a inscrição “Eu Fui”.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pois é, acho que usam o nome do Rock pela força que ele tem, já que desde o começo sempre teve artistas de outros estilos, podiam chamar de Pop In Rio, Music In Rio (já que também existem no título em inglês para um festival brasileiro, talvez pra facilitar o marketing internacional). De qualquer forma já houve coisas mais esdrúxulas lá fora como o É O Tchan se apresentando no Festival de Jazz de Montreaux...Eu como adorador do Rock e do Rio guardei o meu rico dinheirinho pra ir ver o Eric Clapton na cidade maravilhosa na próxima semana, isso sim será um show de Rock, Blues e Música no Rio!

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