Is there anybody going
to listen to my story
All about the band who
came to stay?
Talvez ninguém nem escute, nem leia essa história. Se me lembro bem, por volta de 1996 por indicação de um amigo, eu entrava em uma das dezenas de bandas pra tocar baixo, embora não ficasse por muito tempo. Banda bacana, com aparelhagem, repertório bacana, mas eu não ficaria por muito tempo. Ao falar de influências e gosto musical, a resposta de um dos integrantes me chamaria atenção na época. Perguntei: e Beatles, você ouve? O cara responde: Ah, eu já esgotei a minha cota de Beatles por dois ou três milênios, não aguento mais!!! Já ouvi tudo que poderia ter ouvido. Claro que fiquei surpreso, embora nem tanto. Também passei por um período e momento, que classifico hoje como demência, onde eu achei que tinha enjoado de Beatles e Elvis Presley (peço perdão a Deus todos os dias por isso). Época que eu não gosto nem de lembrar, pois acabei vendendo alguns discos, achando que nunca mais iria ouvir. Vergonhoso engano, pois anos e anos mais tarde acabei saindo na caça para recomprar todos de novo, um a um na medida em que ia aparecendo. Vendi o Please Please Me, Rubber Soul, Revolver, With the Beatles... Mas antes que o leitor pare de ler e seguir o blog, já recomprei tudo de novo. Mas hoje em dia, dezembro de 2021 com o lançamento do Get Back e os Let it Be deluxe, livro Let it Be novo, 50 anos do All Things Must Pass, Imagine, passados 50 anos do Abbey Road, White Album, a minha vontade é de ir na casa do cara que falou a barbárie “Ah, eu já esgotei a minha cota de Beatles por dois ou três milênios, não aguento mais!!! Já ouvi tudo que poderia ter ouvido.” e contestar o que foi dito em 1996. Época em que os Anthologys ainda eram lançamentos recentes e época em que todo mundo estava redescobrindo Beatles.
Minha história com Beatles começa na segunda metade dos anos 70, época em que na minha casa tinha o disco azul duplo The Beatles 1967/1970. Meu saudoso e falecido papai devia ter comprado, mas nem papai, nem mamãe eram beatlemaníacos. Eu devia ter uns 5 ou 6 anos, mais ou menos quando a irmã do meu pai um dia em casa falou para o meu pai: ah, você tem esse dos Beatles? Me empresta? E levou aquele dos Beatles e mais alguns. A primeira lembrança que eu tenho é com a música Hey Jude que eu ouvia e pensava na tia da perua da escola (sim, eu já curtia uma fossa), a bateria de Strawberry Fields Forever, a guitarra da Come Together. Por muito tempo esse disco foi tudo o que eu conheci de Beatles. Anos mais tarde meu pai começaria a trabalhar com fitas k7 piratas, não as produzia, mas conseguia umas em que a gravação era boa e a capinha eram papéis coloridos apenas com os nomes das músicas. Lembro de uma fita k7 da marca Scotch que tinha o Let it Be gravado, notei logo que a Get Back e a Let it Be eram diferentes do que eu tinha ouvido até então no álbum azul. Depois não sei muito ao certo. Lembro que papai uma época trouxe uma fita k7 (essa original) a dos 20 Greatest Hits, mas não lembro que fim deu essa fita. Outra fita que ouvi muito foi uma de cover, alguma banda cover (alguém me falou que era uma banda chamada Kings Road) tadinho do papai não sabia que aquele não era os Beatles tocando, mais tarde tive o disco e o guardo até hoje. Covers muito bem executados.
Nos anos 80 ainda talvez em 1985 ou 1986 meu pai me deu um livro duplo, capa dura, a coisa mais linda da editora Rio Gráfica chamado “Rock – A Música do Século XX”. Ali tinha tudo desde os primórdios até a primeira metade dos anos 80. Biografias, fotos, informações, discografias listadas, e ainda vinha acompanhada de um disco duplo com muita música boa e uma qualidade sonora excelente. Mas esse livrão que eu chamava “livro do rock” entrei numa de empresta pra um, empresta pra outro amigo... no fim teve páginas dos Beatles arrancadas, aí desanimei até que emprestei para um amigo dos últimos anos de escola que acabou nem me devolvendo. Eu devia ter sido mais cuidadoso quanto a isso. Mas enfim, serviu de experiência.
Por volta de 1988 eu estudava a tarde e um amigo de escola me apresentou algumas músicas que eu não conhecia, era o disco 1962/1966, o vermelho. Não lembro com exatidão como fiquei conhecendo discos como Please Please Me, With The Beatles, Rubber Soul, A Hard Day´s Night, lembro quando os comprei e como foi essa compra. Meu primeiro salário voltou mais ou menos assim pra casa, tudo em discos de vinil dos Beatles e mais um ou dois do KISS, se não me engano o Crazy Nights de 87 e o Asylum. Os vinis dos Beatles eram da prensagem de 1988 e vinham com o encarte envelope com fotos da coleção em vinil, k7 e cds. Todos os discos devidamente listados, com os anos de lançamento e todas as faixas relacionadas. Aquilo virou pra mim então uma referência onde eu podia seguir o que me faltaria, pra “completar” a coleção. O que era impossível, porque nessa prensagem de 1988 não tinha ainda o Past Masters (que talvez tenha sido lançada depois dessa prensagem), nem o Oldies But Goldies, Hollywood Bowl... Mal sabia eu na época. Creio que nessa primeira leva ainda comprei o Abbey Road. Se não me engano meu pai me deu um tempo depois o For Sale. Ouvi esses discos da primeira compra muitas e muitas vezes.
Em vídeo até 1986 eu não tinha lá muita referência de vídeos dos Beatles porque na TV aberta os programas de clipes que tinham só passavam ocasionalmente os clipes no máximo do Paul que estava mais em evidência naquela época com No More Lonely Nights, Say, Say, Say, Pipes of Peace e Press. Até um dia na casa desse amigo da escola, época em que eles adquiriram um vídeo cassete e na locadora lá perto tinha o filme Imagine de 1988 e o documentário The Complete Beatles. Os discos que eu me lembro que tive até eu cometer a heresia de “achar que tinha enjoado” dos Beatles foram: Please Please Me, With The Beatles, A Hard Day´s Night, For Sale, Help, Rubber Soul (até aqui eram da prensagem de 88) com o selo Parlophone, Revolver (prensagem brasileira Odeon com estrela no selo e capa sanduíche), Sgt Pepper´s (Parlophone 88) que na faixa Lovely Rita sujou com alguma coisa, a qual eu não sei até hoje, mas eu tentei limpar, sujou mais ainda e hoje está inaudível a primeira metade da música. Esse é um da lista que um dia precisarei repor. Magical Mystery Tour (prensagem 88 com uma tarja vermelha na capa abaixo da foto, onde nas edições anteriores vinha escrito sobre o livreto), White Album (prensagem 88 e com o selo Apple) e Abbey Road, com o selo invertido, a parte externa da maçã veio escrito que era o Lado A, mas com as músicas do lado B relacionadas, mas tocando o disco está sim as músicas do Lado A, e do outro lado a parte interna da maçã com as músicas do Lado A relacionadas, mas tocando as músicas do Lado B. Sei lá por qual motivo não fui atrás nessa primeira parte da minha beatlemania do Yellow Submarine, do Let it Be, Oldies But Goldies e nem da coletânea vermelha 1962/1966. Algumas revistas, recortes de revista, jornais eu já ia juntando e organizando uma pasta desde meus quinze anos. Ainda nessa primeira leva eu tive o Savage Young, aquele discos com gravações com o Tony Sheridan com a foto dos Beatles na capa ainda com Pete Best na bateria, também adquiri o Hollywood Bowl e o Past Masters, um vol 4 do Beatles at Beeb (pirata) se eu não estiver esquecendo de nenhum. Dessa lista eu lembro de ter ganhado o For Sale do papai que me deu dois compactos que os guardo com o maior carinho até hoje. Um de 1964 com as músicas Twist And Shout, A Taste Of Honey, Do You Want to Know A Secret e There´s A Place e um de 1967 com as músicas Anna, Chains, Misery e I Saw Her Standing There. Mas nessa primeira leva tive também o Imagine do John, o McCartney I, Band On The Run (com o carimbo da rádio América no selo) e o Flowers In The Dirt do Paul. Da primeira leva que eu me lembro, não me desfiz do A Hard Day´s Night, For Sale, Sgt Pepper´s, Magical Mystery Tour, Abbey Road e os compactos dados pelo papai. Ufa!!! Pois todos que tive que recomprar anos mais tarde, nenhum consegui aquele prensagem de 88 que eu tanto gosto, até o Rubber Soul quando comprei não me atentei, quando cheguei em casa não começava com a Drive My Car. Era importado da discografia americana. O With The Beatles selo cor de burro quando foge, depois comprei outro do selo canudinho, o White Album comprei e me assustei com a oscilação de rotação na Revolution l, só depois fui saber que tinha adquirido uma cópia da primeira prensagem mono brasileira, depois consegui outro da prensagem de 88. Não me recordo se foi antes ou depois do surto de “achar que tinha enjoado de Beatles” parafraseando uma música “São Paulo By Day” do Joelho de Porco “...Andando nas ruas do centro, cruzando o viaduto do Chá” estava eu saindo da galeria do rock, em horário de expediente porque eu era Office boy, e ao lado do Teatro Municipal um tiozinho com um ou dois engradados de discos eu parei para olhar. No meio dos discos puxei um Magical Mystery Tour aparentemente duplo, capa mais pesada que o que eu tinha, quando vi era nacional e com livreto, selo canudinho!!! Na época o tiozinho estava pedindo algo em torno de 15 reais no disco. Eu só tinha passe de ônibus fornecido pela empresa, comprei com passes. Como a moeda foi passes, o preço viraria uns 25 reais ou algo assim. Isso foi entre 1996 e ano 2000. O Savage Young não recomprei até hoje, mas comprei um Beatles in Hamburg da Polydor, que até tem mais músicas do que o Savage Young. Alguns anos atrás consegui o ao vivo no Star Club (que eu tive na primeira leva, me desfiz, mas recomprei), o Yellow Submarine e o Let It Be. Consegui o Oldies But Goldies e alguns da discografia americana como o Yesterday And Today, Something New, Help além do Help edição brasileira também. Também consegui o compacto duplo nacional com livreto que eu desconhecia até ver em um anúncio do Mercado Livre. Não saí procurando por ele, simplesmente apareceu e eu comprei. Anos atrás também consegui o LP 20 Greatest Hits, que é como se fosse Beatles em versão K-Tel. Músicas muito esprimidas dos dois lados. Também não deixei passar quando vi em uma loja o Abbey Road “mono” nacional capa sanduíche. Também consegui o Beatles 65 brasileiro, praticamente o For Sale com outra capa. E também o Decca Tapes adquirido uns anos atrás. De uns anos pra cá tenho a plena convicção de que uma vez que você gosta de Beatles, você NUNCA vai enjoar de Beatles. Por mais que você passe certo tempo sem ouvir. Quando se volta a ouvir Beatles é desde do Please Please Me. Isso que não mencionei ainda os CDs que não consegui fazer a coleção e tenho o primeiro BBC, o primeiro Anthology, o azul e o vermelho e o Let It Be Naked, originais. Toda a discografia tenho em CD de áudio feitos a partir de MP3, fora os bootlegs em MP3 que merecem outro texto. Em revistas só de Beatles, recortes de reportagens de jornal ou revista, fui juntando bastante coisa ao longo dos anos também. Em vídeo, na galeria do rock tive acesso a cópias em VHS dos Anthologys (mas não completei as oito fitas), Rockshow, pelo fã clube Cavern Club tive acesso ao Let It Be de 1970 e ao Let It Be Outtakes com muitas imagens em preto e branco, muita coisa que não entrou no filme de 1970, anos depois minha namorada tinha em VHS todos os Anthologys que passou na TV Globo, mas na era do DVD muita coisa surgiu e muita coisa baixada da internet que não existe em DVDs oficiais. O que mais me espanta é que a fonte não esgota, quando você pensa que conhece 90% de Beatles do que eles fizeram, surge um livro, dois livros, três livros, edição comemorativa de discos com outtakes, fotos, alternates de discos das carreiras solo, quando você está tentando comprar algo parcelado, surge um show do Paul no Brasil, a fonte não esgota. O compacto duplo nacional do Magical Mystery Tour com livreto pra mim foi uma maravilhosa surpresa. Uma raridade naquela época produzirem algo assim no Brasil, visto que os compactos no Brasil quando não vinha com uma capa genérica com um círculo no lugar do selo, vinha com um papel de péssima qualidade, mas nesse compacto do Magical Mystery Tour fizeram um ótimo trabalho. Outra surpresa bacana foi a coleção de bonecos do Yellow Submarine de um amigo meu e sua coleção de CDs primeira prensagem brasileira, de 1988 também (coleção que eu já postei aqui no blog em 2012 no link https://blogdobaratta.blogspot.com/2012/06/uma-beatlecolecao-de-respeito.html). Aí eu venho com o mesmo argumento: Quando você pensa que já viu e conhece 90% do que existe dos Beatles... surge o Let it Be em versão de Box com 05 cds, um livro luxuoso e a mega, ultra, máster, big, Power, “fodástica” produção chamada Get Back. Uma produção assinada por Peter Jackson e que leva qualquer beatlemaníaco às lágrimas. Mais de 07 horas divididas em 03 episódios, disponível no Disney +, desde o dia 25 de novembro de 2021. Esperamos uma versão em DVD em breve. Se você não assistiu o Get Back, precisa assistir. Ali está o que de fato foi a gravação do documentário, disco e show no telhado. Mas mesmo assim não falo mal do Let it Be de 1970, pois esse foi o material que tivemos por anos e anos. Mas o Get Back é um trabalho minucioso de 04 anos de restauração e tem que ser assistido mais de uma vez.
Voltarei nos próximos dias falando do que eu conheci ao longo dos anos na categoria de bootlegs, os discos não oficiais. Termino esse texto dizendo: a fonte Beatles nunca esgota!!!
Um beatle abraço do Baratta.
"Também passei por um período e momento... onde eu achei que tinha enjoado de Beatles e Elvis Presley..."
ResponderExcluirNessa época tu ouvia só Oêiziz, né, safadão? Biscatêro!
Belo relato, Baratta, muito material pra ouvir, ler, assistir... Ouvir de novo, reler, reassistir... Descobrir algo depois de ouvir/assistir 200x e não ter percebido.
Viva UzBitus tudo!!!
Abraço
Tirando a parte do Oêizis, você acertou em tudo hehe. Depois que eu passo um tempo sem ouví-los, quando eu volto a ouvir é como se fosse a primeira vez. Obrigado pela visita e comentário.
ExcluirMuito, mas muito show sua narrativa, cara. Fico feliz que tenha recuperado tudo e mais um pouco kkkk
ResponderExcluirBeatle Abraço
Pois é Marcio, de pouquinho em pouquinho a gente vai conseguindo né? Beatle abraço, obrigado pela visita e comentário.
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