Um
lançamento altamente recomendado, cobrindo importante momento da carreira de
Presley, sua incursão, em 1973, ao não menos lendário estúdio Stax, reduto da
Black musica de Memphis, epicentro dos denominados Southern soul e Memphis soul e responsável também por várias das peças
mais importantes de gospel, funk, jazz e blues da história musical
americana. Com um conteúdo, arte gráfica e som primorosos, Elvis at Stax nos
brinda um Elvis ainda eclético (como sempre), com sensível redução do enfoque country típico deste período de sua carreira e sensível entrega à energia,
estímulos e ao som negro ecoantes das paredes do Stax.
Dando sequência ao formato
bem sucedido formulado para a cobertura de suas apresentações na Big Apple, o
emblemático Prince For Another Planet,
o produto entregue desta vez pela Sony é igualmente digno da reserva de espaço
especial na prateleira de qualquer fã ou apreciador, não só da obra de Elvis,
mas também para os amantes do som sulista
e da música em geral. Trazendo todos os másteres produzidos e lançados
esparsamente em 3 álbuns e compactos, bem como uma mostra absolutamente
interessante (e em som remixado, primoroso!) de outtakes das canções - algo
como um ‘making of’ das sessões - , este se torna um lançamento obrigatório.
Era
o ano de 1973, Elvis acabara de ser remetido ao Céu de seu Retorno às
apresentação ao vivo, em 1968, no qual abandonou definitivamente a carreira
cinematográfica, lançado em seguida ao Inferno Psicológico de ser abandonado pela
esposa, retomado ao Paraíso do Havaí com
a transmissão extremamente bem sucedida de um concerto seu via satélite e agora
amargava as dores dantescas do purgatório de processo de divórcio. Como
resultado desta catarse artístico-pessoal, o anjo/demônio empresário de Elvis
(Coronel Tom Parker) conseguira um novo contrato junto à gravadora, rivalizando
com aquela que se consideraria como a maior transação comercial da história da
música, em 1955, tendo como protagonista o próprio Elvis, a Sun e a RCA
Records. Desta feita, Elvis cederia os direitos de todas as canções gravadas
até então em troca de substancial influxo de dinheiro, algo muito bem vindo em
um contexto em que Elvis buscava solucionar o impasse do fim de seu casamento,
os custos legais, a divisão de patrimônio, etc. Neste instante uma nova relação
com o selo se estabelecia e, em razão disto, ansiosa por rápida obtenção de
retorno, a presidência da RCA, em atitude incomum junto ao cantor, lhe solicita
a produção de novas faixas. Diante de um Elvis avolumado de tarefas, tournês,
audiências judiciais e questões relacionadas ao divórcio, a solução foi o
agendamento das sessões necessárias ali ao lado, no Stax Studios, reduto da
Black Music, a poucos minutos de Graceland, com todos os contratempos técnicos
(e até pessoais, como o roubo do microfone preferido de Presley) que pudessem
ocorrer – e ai se inicia a viagem coberta por este projeto.
Junto
a um livreto muito bem confeccionado e ao longo de 3 cds, muito bem divididos,
temos bem documentada esse evento histórico, a começar pelo alinhamento junto à
guia da calçada estúdio do majestoso
Pearl White Stutz Blackhawk (dirigido pelo próprio Elvis!), a primeira noite
improdutiva, com um Elvis ainda não focado buscando ambientação, os problemas sonoros
diagnosticados e busca por soluções técnicas, a presença da filha e namoradas
do cantor (o clima intimista e a proximidade de Graceland permitiria todo uma
série de liberdades e um afluxo enorme de amigos ‘seguranças’, ansiosos por ver
Elvis gravar!), e até o roubo de seu microfone preferido, que chegou a encerrar
a sessão em uma das noites. Tudo isto temos aqui documentado em texto e áudio!
Em
um primeiro momento do produto, temos amostra de outtakes das canções R&B e
Country produzidas (para mim a melhor sequência do lançamento, pura dinamite!),
cobrindo todo o cd 1; na sequência, inaugurando o disco 2, o selo organizou uma
seleta de outtakes das canções pop que emergiram ao longo dessas 12 noites de
gravação nos meses de julho e dezembro de 1973. Até aqui (e em todo o
lançamento) não encontramos nenhuma faixa inédita, apesar da raridade ao fã
menos ‘hard’ dos momentos traduzidos nestes outtakes. Destaca-se entretanto
muito o aspecto sonoro destes takes, vez que, especialmente para este
lançamento, não apenas se produziu a remasterização, mas também se remixou completamente estas tomadas alternativas,
justificando, per si todo o produto.
Tendo isto em vista, até se colocou no mercado, juntamente com esta versão Deluxe,
uma versão mais ‘enxuta’, consistindo em único cd com o melhor destes outtakes.
For
fim, como segunda parte do produto, consistindo na seleção de todos os másteres
legados por esta estada no Stax, temos igualmente elevada qualidade sonora, com
todos os fonogramas remasterizados, entretanto sem a remixagem radical
verificada nos outtakes – um tratamento mais conservador com o som que se
tornou clássico, digamos, vez que são esses os cortes/versões oficiais das
canções. Mesmo assim o som é melhor que o de qualquer outro cd que você possa
já ter adquirido e com um discreto acréscimo de eco no canal da voz de Elvis,
um discretíssimo detalhe que veio bem a calhar - mas ainda sim preferia que
também aqui tivéssemos procedido à uma remixagem a partir do zero, questão de
gosto.
OS
OUTTAKES:
O
trabalho de remixagem se demonstrou um verdadeiro gol de placa! Desta vez, no
geral, os instrumentos e as vozes (inclusive de fundo, os backing vocals) todos
se fazem audíveis, trazem uma nova equalização que transmitem maior harmonia e equalização.
A impressão que dá é a de que cada canal foi tratado com acurado cuidado pelos
engenheiros; o som é elevado e mais aberto, amplificado que nos lançamentos
feitos pela FTD. Alguns diálogos entre as faixas são inéditos, trazem um Elvis
brincando muito e se divertindo antes de iniciar as tentativas de registro,
como na tomada 1 de 'I Got A Feelin' In My Body', na 8ª de 'Good Times Charlie
Got The Blues' e 8ª de 'She Wears My Ring'.
Como
exemplo de melhor sensitibilidade dos instrumentos ou vocais podemos citar o
orgão nos takes 2 de Mr Songman, e 1 de If That Isn't Love, a clareza geral de
todo o conjunto no take respresentante de Girl Of Mine. Já o take 5 Promised
aparenta até ser uma tomada inédita (atente-se ao eco), tal a mudança
promovida, o mesmo se dando com a 1ª tomada de I Got A Feelin' In My Body, que
inaugura o lançamento de forma interessante, com o som das fitas começando a
rodar para o registro dos trabalhos, fazendo-nos sentir ali presentes,
aguardando pelo que poderia sair produzido dessas sessões, o que, excetuando
uma ou outra canção de menor expressividade, foi um verdadeiro estouro. Um bom
momento na carreira de Elvis – e tudo gravado ali, a alguns metros de
Graceland!
Ademais,
a outra tomada alternativa de I Got A Feelin' contida neste lançamento (take 4)
apresenta excelente exemplo da revalorização dos vocais de fundo, evidenciando
o fabuloso trabalho feito pelo coro feminino e grupos Voice e Stamps, com
destaque para o sempre empolgante baixo de J.D Sumner.
Por
fim, devemos ainda mencionar a beleza de uma faixa completa de ensaio, (apesar
dar brincadeira e palavrões do Elvis humano), contida ainda na sequência dos
outtakes que poderia inclusive ter dado origem a um maravilhoso máster, se
Elvis tivesse a levado adiante: It's Different Now. Infelizmente, por algum motivo ele a
abandonou. Entretanto, nela podemos ver a qualidade dos músicos, a beleza dos
vocais de fundo, capacidade de improvisação e adequação da banda à uma canção
que, naquele instante, se buscava ‘tirar’ para quem sabe compor as metas das
sessões.
Desta
sessões, tão desejadas pela gravadora após o sucesso estrondoso da trilha do
especial realizado no Havaí, se extraiu material suficiente para 3 álbuns:
Raised On Rock (outubro de 1973), Good Times (março de 1974) e Promised
Land (janeiro de 1975), além de cinco
singles (compactos simples), contrariando em parte a orientação da gravadora de
produzir material para um único álbum pop, dois compactos e um disco religioso:
apesar das limitações técnicas iniciais, as expectativas foram superadas.
OS MASTERS:
Analisemos
na sequência cada uma dessas canções, a começar pelas versões oficiais da
sessão de julho, compiladas na segunda metade do segundo disco:
Raised On Rock, é uma canção
potente, que tem letra incrível de Mark James, fazendo todo um balanço das
influencias que ajudaram Elvis a moldar seu som. Tem um andamento diferenciado,
com duas baterias, além de duas guitarras trabalhando com timbres diferentes e,
como a cereja do bolo, somos regalados com uma harmonia bastante original,
destacando-se o arranjo soprano Kate Westmoreland na parte final da canção,
onde apenas ela, o piano e Elvis aparecem quebrando o ritmo para uma volta
ainda mais poderosa ao refrão.
For Ol’ Time Sake, lado B do single
Raised On Rock, é uma balada demais sensível de Tony Joe White, das melhores da
carreira de Elvis, inteligente, com um arranjo sóbrio em cordas e metais, se
destacando pela sinceridade com que o inérprete canta as palavras que traduzem
os momentos de reflexão de alguém que está terminando um relacionamento. Belos
solos de violões e arranjos discretos de órgão dão ainda o tom desta bela icanção.
Compôs sub-título do álbum Raised On rock.
I’ve Got A Thing
About You Baby,
outra canção do Tony Joe White, onde novamente temos Elvis em seu melhor,
levando um ritmo interessante, beirando a Black music e flertando discretamente
com country. No take contido no CD 1 é possível se sentir uma batida bem mais
country do que nesta máster, marcada por
um arranjo ótimo e vocais apurados. Um momento admirável que a fez digna de ser
lançada tanto em single, com no álbum Good Times. Uma das melhores canções aqui
contidas.
Take Good Care Of Her não é do tipo de
canção que particularmente lhe faça se tornar muito fã, vez que se trata de um
momento que diz mais respeito ao turbilhão emocional que Elvis vivenciava que
ao ‘feeling’ do ouvinte. Apresenta um
arranjo que beira o gospel e uma letra que retrara alguém conformado com a
garota que se foi: uma combinação um pouco bizarra, mas que em todo caso
pode-se dizer que funcionou. Foi lançada em single com I’ ve Got A Thing About You Baby e no álbum Good Times.
If You Don’ t Comeback: reencontro de Elvis
com os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller, que não lhe escreviam material
de forma direta desde 1962. Esta certamente é a melhor canção Black registrada
nos vocais de Elvis! Uma vez estando na Meca da Black Music, no Stax, sem
duvidas não poderia faltar uma boa canção ao seu estilo, com um linha de baixo
que não segue a bateria - coisa rara em termos de música; uma guitarra com pedal wha-wha, totalmente alucinante, uma letra sinistra e
vocais femininos que duelam de forma saudável com um Elvis incorporando Isaac Hayes.
O que dizer de toda esta combinação? É simples: uma verdadeira obra prima, que
foi lançada em Raised On Rock. Deveria, com muita justiça, ter feito parte de
um single.
Three Corn Patches: mais uma da
‘re-aparecida’ dupla Leiber/Stoller, desta vez tratando-se de um blues com a
cara do Blues de Chicago, mais agitado e menos cadenciado que os blues do delta
do Mississipi, com leve flerte com o rock em um show de piano e guitarras, e,
novamente belos vocais femininos. Aqui, Elvis Presley faz mais uma vez, uma
canção incrível. Lançada em Raised On Rock
Girl Of Mine: apesar de muito
popular nos EUA, esta é uma canção menor se comparada às demais produzidas
nesta sessão, nela não se sentindo muita inspiração de Elvis em razão de seu
cansaço na noite em que a registrou, ou, quem sabe, pelo descontentamento que
teve ao ter seu microfone preferido roubado no estúdio, fazendo com que se
registrasse apenas esta única faixa naquele dia – coisa rara a quem sempre
produzia um hit atrás do outro. Lançada
em Raised On Rock.
Just a Little Bit: canção interessante
com ritmo cadenciado e com uma batida sensual, ótimo solo de guitarra e, mais
uma vez, belos vocais de fundo. Lançada em Raised On Rock.
Find Out What’s
Happenning. Segue a mesma linha das sessões: bom ritmo
leve flerte com Black Music, boas guitarras, bons vocais de Elvis, com
influencia de vocal negro. Lançada em Raised On Rock.
Sweet Angeline: esta foi gravada em
julho pela banda, mas Elvis colocou os vocais em Setembro, em sua casa em Palm
Springs como o recém formado grupo vocal Voice. Uma singela e interessante
balada romântica. Um dos pontos mais altos.
Lançada em Raised On Rock.
O
disco 3, por sua vez, traz todas as
masters da sessão de dezembro, de 1973:
Promised Land: um clássico de
Chuck Berry, onde Elvis o recria de forma brilhante, com ótimos solos de
guitarra do incrível James Burton e um arranjo que evolui ao longo dos takes,
de um órgão para um piano típico de rockabilly; ou seja aqui temos Elvis com
todo seu talento, fazendo um dos melhores rocks de sua carreira, o que não
poderia faltar nestas sessões. Lançada em single e no álbum Promised Land.
It’s Midnight: primeira canção que
Elvis grava daquele que vai se tornar em breve seus compositor favorito, Jerry
Chestnut de Nashville. Desta vez este a escreveu em parceria com Billy Ed
Wheeler. Nesta canção Elvis expressa todo seu sentimento à, agora ex-esposa,
Priscilla. Nela verificamos uma estrutura interessante, com versos longos e
introspectivos, um refrão mais agressivo, onde Elvis mostra todo seu poderio
vocal, além de um arranjo ultra moderno de teclados (cortesia do sueco Pete
Hallin), belos vocais masculinos e uma soprano. Lançada em single com Promised
Land e também no álbum Promised Land.
If You Talk In Your
Sleep:
esta é sinistra! Composição do amigo de Elvis, Red West com Johnny Christopher,
músico que às vezes tocava no estúdio com Presley nos anos 70. Mais uma vez nos
deparamos com um surpreendente arranjo Black, com ótimos metais, vocais
femininos sensuais, e, novamente a malandra guitarra de Burton utilizado o
pedal wha-wha, fazendo desta um pérola, tudo isto misturado à um sugestiva
letra que trás, ao que tudo indica, alguém que anda querendo ser infiel, já foi
e não pode revelar este terrível segredo enquanto dorme. Lançada em single, foi
o ponto alto da temporada de verão de 1974 em Las Vegas; também aparece no
álbum Promised Land.
Help Me: primeira composição
que Elvis gravou de Larry Galtin que, junto com seus irmãos, tinha uma banda de
respeito em Nashville, chamada The Gatlin Brothers. Esta é uma canção gospel
daquelas que Elvis tanto gosta, com um arranjo bem puxado para o country. Reza
a lenda que Elvis a gravou de joelhos. Lançada em single com If You Talk In
Your Sleep e no album Promised Land.
My Boy: versão de Parce que je t'aime mon enfant, emotiva canção
francesa de Claude François. Elvis a adotou na temporada de Vegas em agosto e a
levou para o estúdio nesta sessão. É uma faixa que certamente certeza dizia
muito a Elvis, principalmente em relação a sua filha Lisa. Um belo momento, que
rendeu bom sucesso, particularmente no Brasil. Foi Lançada em single e no álbum
Good Times.
Thinking About You: bela canção de amor
do compositor Tim Baty, um dos membros do recém criado grupo vocal criado por
Elvis, o Voice. É uma típica canção setentista com uma bela melodia letra
simpática e Elvis detonando nos vocais. Um dos mais agradáveis momentos no
Stax. Lançada em single com My Boy e no álbum Promised Land.
Mr. Songman: esta é uma
composição de Donnie Sumner ,membro do Voice e também da nova editora musical
do rei. É uma canção verdadeiramente simples, com belos vocais, arranjo sóbrio
e com uma atmosfera bem otimista. Um belo momento e excelente e xemplo de que
‘menos pode ser mais’. Apesar de beleza
expressada no take do cd 2, com um Elvis mais ‘só’ na faixa, a master tem seu
valor justamente por deixar bem evidenciado o equilíbrio vocal alcançado junto
ao conjunto de vocalistas. Lançada em
single como lado B de T-R-O-U-B-L-E em 1975 e no álbum Promised Land
I Got A Feelin In My
Body:
com este groove Elvis iniciou as sessões de dezembro de 1973. Temos aqui uma
ótima letra de Dennis Linde, com temática gospel. Desta vez temos 3 (sim 3
guitarras!!), uma simplesmente acompanhando e as demais duelando no pedal
wha-wha, além de um linha de baixo marcante, vocais incríveis, ótimos teclados
e um Elvis mais negão do que nunca. Um verdadeiro estouro e destaque entre os
destaques!!!Lançada em Good Times
Loving Arms: Composta por Tom
Jans, que nos apresenta uma balada romântica, poderosa, com um início bem
característico e uma quase que ausência de refrão, muito bem construído por
sinal, demonstrando de forma inequívoca o quanto é bem escrita a canção: marca
da elegância das sessões de dezembro. Simplesmente uma das gemas mais
agradáveis destas sessões. Um som verdadeiramente atemporal. Em um ‘teste cego’
certamente se diria ter sido gravada hoje de manhã. Lançada no álbum Good
Times.
Good Time Charlie’s
Got The Blues:
esta é uma canção que foi o único hit de seu autor, Danny O’Keefe, em 1968.
Elvis gravou sua versão com um toque especial, nostálgico e reflexivo.
Entretanto, por razões óbvias, ele omitiu o verso que fala de pílulas (presente
na versão original de seu autor): ”i take the pills to ease the pain...” Mesmo
assim, Elvis, como de costume, se apropria da canção e a torna uma experiência
auditiva e sensorial única. Destaque para as duas guitarras, que conversam
entre si enquanto o violão serve de base melódica. Certamente um dos maiores
momentos de James Burton ao lado de Elvis.
Lançada no álbum Good Times.
You Asked Me To: esta era, na época
de sua gravação por Elvis, um country hit do ícone do estilo Outlaw Country,
Waylon Jennings. Desta vez muito pouco se mudou, mantendo a base da canção, com
ótimos solos de Burton, mostrando que Elvis estava antenado com as canções
contemporâneas de sua época. Ótima e animada canção. Lançada em Promised Land.
There’s A Honky Tonk
Angel:
canção tipicamente country, do jovem compositor de Nashville Troy Seals, que na
época se destacava com um dos mais emergentes compositores da capital da
Country Music. Esta é uma canção linda, em que Elvis realmente dá tudo de si na
interpretação. O cantor Conway Twitty a gravou seis semanas antes de Elvis. Existe
a possibilidade Elvis e seu produtor Felton Jarvis a tenham considerado para um
single, mas como Twitty já a havia lançado, a idéia teria sido logo abortada,
infelizmente. Lançada em Promised land.
Talk About The Good
Times:
ótimo country-rock do compositor Jerry Reed, o mesmo de Guitar Man e U.S.Male,
A Thing Called Love, com um arranjo que destaca os teclados de Hallin e Briggs,
uma pitada de vocais Gospel, e um Elvis super animado. Com certeza esta é bem
interessante e propicia uma grande audição. Lançada em Good Times.
She Wears My Ring: esta é uma canção
do casal numero 1 de compositores de Nashville: Boudleaux e Felice Bryant. Foi
gravada muitas vezes e a versão do rei se aproxima da registrada por Ray Price,
em 1968 - totalmente acústica e mantendo a peculiar estrutura de acordes do
casal. Elvis canta com supremacia sua melodia tortuosa. Entretanto, restou obscura
em razão de, apesar de sua singela beleza, se manter não tão evidenciável
diante do conjunto de novidades da sessão. Um número bonito e regular. Lançada
em Good Times.
Your Love’s Been A
Long Time Coming:
esta é uma canção de Rory Bourke, que escreveu Patch It Up com Eddie Rabitt
para Elvis em 1970. É uma música bem romântica, verdadeira ópera-country, com
refrão pegajoso (um pouco repetitivo, talvez). Muito apreciada pelos fãs.
Destaque para o delicioso take no cd 2. Lançada em Promised Land
Love Song Of The Year: de Lon Chritian
Smith. Esta é mais uma da nova editora musical do rei. Trata-se de uma canção
muito bela, com letra pretensiosa e que se garante. Ademais, tem um ritmo
inteligente, vocais fantásticos e um Elvis muito inspirado, ou seja, uma obra
prima. Lançada em Promised Land.
Spanish Eyes: esta sempre foi uma
das favoritas de Elvis em suas sessões caseiras e verdadeira mostra de que
Elvis continuava interessado em atingir outros públicos, de outras
nacionalidades, em especial a comunidade latina dos EUA. Foi gravada
originalmente por Al Martino em 1967, baseada na melodia de Moon Over Naples,
de Bert Kaempferts. Aqui se dá um clima mediterrâneo com arranjos acústicos,
mas que, ao vivo, tem o verso omitido em relação à esta de estúdio, perdendo o
característico clima espanhol, transmutando-se e se aproximando do igualmente
saboroso ritmo mariachi mexicano. Grande momento, muito marcante na discografia. Lançada em Good
Times.
If That Isn’t Love: canção gospel de
Dottie Rambo. Cantada com supremacia, dotada de um belo arranjo, mas que,
apesar de se revelar um boa versão, termina por ser algo pouco deslocado dentro
da sessão – talvez como seqüela de idéia abandonada de se produzir um álbum
gospel. Lançada em Good Times.
Do produzido em estúdio em 1973, ficaram de
fora deste lançamento apenas I Miss You e Are You Sincere, que até englobam o
conjunto, mas tecnicamente foram produzidas em sua totalidade não no Stax, mas
na casa de Elvis, em Palm Springs, onde a RCA montou seus equipamentos para que
o cantor terminasse a gravação de Sweet Angeline (o que felizmente realizou),
Color My Rainbow, Good, Bad But Beautiful e The Wonders You Perform, faixas das
quais infelizmente só se produziu o instrumental, nos deixando pra sempre sem a
inserção dos vocais de Elvis.
Fica claro que estas sessões do Stax mostram
um Elvis vocalmente poderoso, com muita inspiração e o balanço final felizmente
teve sensível sucesso comercial, com alguns hit singles adentrando o top 20 da
Billboard, (My Boy, If You Talk In Your Sleep e Promised land), além de um
desempenho bem mais interessante nas country charts, onde Promised land e Good
Times chegaram ao topo.
Talvez uma crítica seja cabível à forma como
a RCA promoveu e colocou no mercado este material, dificultando um melhor
aproveitamento, uma vez que com canções de tal qualidade em mãos, sem dúvida
alguma, poderiam ter composto um álbum duplo, lançado na metade de 1974. A
mentalidade da RCA sabotava seus próprios discos: Aloha From Hawaii foi um
sucesso incrível, ficou no Top 10 de álbuns por mais de um ano e, neste
período, 2 álbuns (Raised on Rock e Good Times) com material do Stax foram
lançados, sem antes se esgotar a rentabilidade do disco havaiano, fazendo com
que concorressem entre si. Seria
evidente que não alcançariam a devida atenção. Ou, outra possibilidade, como
mencionado, poderia ter-se produzido um álbum duplo, o poderia dar mais destaque
às sessões como um todo - mas infelizmente isto ocorreu apenas agora.
De qualquer forma este novo lançamento da
Legacy Records, nos apresenta um Elvis em
seu auge, eclético e versátil, indo do gospel ao Black, do country ao pop, passando
pelo rock, a todo momento imprimindo sua sempre poderosa marca vocal, aliado ao
seu time de músicos de primeira, mostrando que 1973 foi um dos anos mais interessantes de sua carreira.
Justiça
foi feita!! Um lançamento digno de aquisição por todo e qualquer fã!
Por Oscar Luciano Gomes Neto e Daniel
Tessari.