Por volta de 2011 quando montei esse blog, montei também um
blog sobre o Roberto Carlos, o Súditos RC. O foco seria comentar os discos,
alguns especiais (pelo menos os mais recentes) e os lançamentos, além de postar
vídeos que pouco a pouco foram aparecendo no you tube e recentemente esse ano
de janeiro para cá apareceram um monte de verdadeiras raridades que até um
tempo atrás era exclusividade de colecionadores, que muitas vezes se acham
“donos da obra do Roberto”, mas aí já é outra história. Esse ano de 2019 eu
acabei me enchendo do blog e acabei deletando. Por estarmos em 2019 e os
grandes álbuns lançados em 1969 estarem comemorando 50 anos, impossível não
falar desse disco. Intitulado Roberto
Carlos, o disco lançado pelo cantor em 1969 é diferente de tudo que se tinha
ouvido no Brasil até o momento.
01. As flores do
jardim da nossa casa
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
02.Aceito seu coração
Puruca
03. Nada vai me convencer
Paulo César Barros
04. Do outro lado da cidade
Helena dos Santos
05.Quero ter você perto de mim
Nenéo
06 Diamante cor-de-rosa
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
07. Não vou ficar
Tim Maia
08. As curvas da estrada de Santos
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
09.Sua estupidez
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
10.Oh, meu imenso amor
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
11.Não adianta
Édson Ribeiro
12.Nada tenho a perder
Getúlio Cortes
01-As Flores
do Jardim da Nossa Casa (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Composição da
dupla Roberto e Erasmo falando de ausência. Porém, outra curiosidade é sobre a
vida das flores. No primeiro verso fica bem clara essa idéia. (As flores do
jardim da nossa casa/morreram todas de saudade de você/ E as rosas que cobriam
nossa estrada/perderam a vontade de viver). As flores tem vida, claro, e tem
sentimento. Elas sentem falta das pessoas, sentem quando algo não vai bem.
Aliás, já ouvi falar de que as plantas ou murcham, ou secam quando chega alguém
invejosa, ou que carrega o mau estar. Anos mais tarde Roberto recusaria cantar
“As Rosas não falam” do grande Cartola. Roberto só canta as coisas em que
acredita.
02-Aceito seu
coração (Puruca)
Fala de um
amor que foi, mas tem tudo pra voltar. Aqui já há uma prévia do que viria a ser
os temas das canções dos discos de Roberto nos anos seguintes. Violinos,
orquestra e letras focadas no amor (na sua forma eterrrrna) como ele diz.
03-Nada vai
me convencer (Paulo Cesar Barros)
A letra é
meio no estilo, vai e não olha pra trás. Particularmente é até legal ouvir o
rei cantando algo nesse estilo. E é nessa canção que se escuta o barulho das
correntes ou pulseira. Podemos ter uma
idéia da energia em que ela foi gravada, e sua voz está com o alcance e a
ênfase da frase: Já canseei.... é um dos melhores momentos do disco.
04-Do outro
lado da cidade (Helena dos Santos)
A guitarra em evidência está em primeiro
plano. Uma letra legal, que foi gravada em espanhol também. Quando eu era
criança eu gostava daqueles solinhos da guitarra nas paradas. E há aqui também
o assobio na melodia da música.
05-Quero ter
vc perto de mim- Nenéo - Roberto começa cantando a capela, bem incomum em seus
discos. Depois os instrumentos vão aparecendo um a um. Uma música calma com
letra do tipo (volta que tá embaçado)...
06-O diamante
cor de rosa - RC/EC - talvez a única música instrumental em toda a carreira. A
gaita é do Roberto, bela canção, muito bem feita. Nome do segundo filme de sua
carreira cinematográfica.
07-Não vou
ficar - Tim Maia - O lado 2 do LP abre com essa porrada do síndico da MPB. O
naipe de metais está a todo vapor. Letra do estilo (Sai daqui) onde a voz dele
está com um alcance incrível e a banda toda perfeita. Há um coral no verso
(pensando berrein). E os gritos que ele dá, pouquíssimas vezes tivemos o
privilégio de o ver cantando assim. Na boa, se esse disco teve músicas que não
saíram ou foram rejeitadas do estilo dessa, é um baú recheado de pérolas que
não chegam ao conhecimentos dos fãs. Fica a dica (Bem que poderia sair um
Robertology).
08-As curvas
da Estrada de Santos- RC/EC - Os metais de novo. Há um eco no bumbo da bateria.
Os violinos entram rasgando a música de fora a fora. A música que Emerson
Fittipaldi ia ouvindo pra casa da namorada na praia do Gonzaga, como ele mesmo
disse num dos especiais do rei. Música revisitada no disco Acústico e no
Primera Fila.
09-Sua
estupidez (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Letra legal,
arranjo com violinos em destaque, porém a versão dele ao violão em um de seus
especiais de fim de ano pela Rede Globo está linda. Deveria ser lançada em
disco. Tem muito material do rei dos especiais como Se você Pensa do especial
de 94, Natal Branco, e outras pérolas que repousam nos arquivos da Globo.
10-OH! Meu
imenso amor (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Roberto usa o
mesmo recurso vocal que repetiria um ano depois em Vista a Roupa meu bem. Da
música do disco de 1969 existe um video curtinho no You Tube circulando
atualmente. O arranjo tem uma sonoridade diferente de tudo o que Roberto tinha
gravado até então.
11-Não
Adianta (Edson Ribeiro)
Canção que
seria talvez uma das primeiras vezes em que Roberto usaria a variação de
sétima, sétima aumentada e sexta de um acorde. O órgão dá o destaque a partir
do verso (Se não existe nada...).
12-Nada tenho
a perder-(Getúlio Côrtes)
Essa música
foi uma das primeiras que eu descobri como tocava no violão, rs. Variação de
quinta e quinta aumentada e que fica muito bem. Além disso, tive o prazer de o
Getúlio pessoalmente em 2006. Mas voltando para o disco do Roberto, A canção é
boa demais para ficar como última. No vinil por exemplo, há uma perda de qualidade
em virtude de ser a última do Lp. Mas não tira o seu brilho. Fecha o disco com
chave de ouro.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O disco é
obrigatório para os que curtem ou não curtem Roberto Carlos. Aqui Roberto
flertava com a soul music. Na realidade o flerte com o soul já começara em 68
no disco O Inimitável. A energia com que Roberto gravou as canções, a
orquestra, a produção do disco, os temas das músicas... O disco só peca em não
trazer as assinaturas dos arranjos das músicas. O disco pode ser chamado de Greatest
Hits, pois das 12 músicas, 3 fizeram parte da trilha sonora do filme Roberto
Carlos e o Diamante Cor De Rosa. Um disco a frente da sua época, pois a soul
music não tinha chegado em terras brasílicas, muito menos em discos de artistas
brasileiros. As fotos da capa e contra
capa são assinadas por Armando Canuto, as letras são diferentes do tipo de amor
que o Roberto cantaria a partir da década de 70 até os dias de hoje.
Na primeira prensagem do LP vinha esse poster abaixo. Poster que eu não tenho, ainda...