NO DISC, NO FILMS

O segmento deste blog não é discos e filmes para baixar, embora eu farei comentários sobre discos e filmes que eu gosto e outros que eu não gosto mas acabei assistindo e extraindo algo de legal. Minha opinião pode não interessar para ninguém, mas... pensando bem, tem tanta gente por aí opina e escreve... sou apenas mais um. Apenas um aviso, meus comentários as vezes são corrosivos. Dizem na minha família que eu já nasci rabugento.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Roberto Carlos 1969 (50 anos)



Por volta de 2011 quando montei esse blog, montei também um blog sobre o Roberto Carlos, o Súditos RC. O foco seria comentar os discos, alguns especiais (pelo menos os mais recentes) e os lançamentos, além de postar vídeos que pouco a pouco foram aparecendo no you tube e recentemente esse ano de janeiro para cá apareceram um monte de verdadeiras raridades que até um tempo atrás era exclusividade de colecionadores, que muitas vezes se acham “donos da obra do Roberto”, mas aí já é outra história. Esse ano de 2019 eu acabei me enchendo do blog e acabei deletando. Por estarmos em 2019 e os grandes álbuns lançados em 1969 estarem comemorando 50 anos, impossível não falar desse disco.  Intitulado Roberto Carlos, o disco lançado pelo cantor em 1969 é diferente de tudo que se tinha ouvido no Brasil até o momento.

01. As flores do jardim da nossa casa
Roberto Carlos - Erasmo Carlos 


02.Aceito seu coração
Puruca 



03. Nada vai me convencer
Paulo César Barros 



04. Do outro lado da cidade 
Helena dos Santos 



05.Quero ter você perto de mim
Nenéo 



06 Diamante cor-de-rosa 
Roberto Carlos - Erasmo Carlos 



07. Não vou ficar
Tim Maia 



08. As curvas da estrada de Santos
Roberto Carlos - Erasmo Carlos 



09.Sua estupidez
Roberto Carlos - Erasmo Carlos 



10.Oh, meu imenso amor
Roberto Carlos - Erasmo Carlos 



11.Não adianta
Édson Ribeiro 



12.Nada tenho a perder
Getúlio Cortes



01-As Flores do Jardim da Nossa Casa (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Composição da dupla Roberto e Erasmo falando de ausência. Porém, outra curiosidade é sobre a vida das flores. No primeiro verso fica bem clara essa idéia. (As flores do jardim da nossa casa/morreram todas de saudade de você/ E as rosas que cobriam nossa estrada/perderam a vontade de viver). As flores tem vida, claro, e tem sentimento. Elas sentem falta das pessoas, sentem quando algo não vai bem. Aliás, já ouvi falar de que as plantas ou murcham, ou secam quando chega alguém invejosa, ou que carrega o mau estar. Anos mais tarde Roberto recusaria cantar “As Rosas não falam” do grande Cartola. Roberto só canta as coisas em que acredita.

02-Aceito seu coração (Puruca)
Fala de um amor que foi, mas tem tudo pra voltar. Aqui já há uma prévia do que viria a ser os temas das canções dos discos de Roberto nos anos seguintes. Violinos, orquestra e letras focadas no amor (na sua forma eterrrrna) como ele diz.

03-Nada vai me convencer  (Paulo Cesar Barros)
A letra é meio no estilo, vai e não olha pra trás. Particularmente é até legal ouvir o rei cantando algo nesse estilo. E é nessa canção que se escuta o barulho das correntes ou  pulseira. Podemos ter uma idéia da energia em que ela foi gravada, e sua voz está com o alcance e a ênfase da frase: Já canseei.... é um dos melhores momentos do disco.

04-Do outro lado da cidade (Helena dos Santos)
 A guitarra em evidência está em primeiro plano. Uma letra legal, que foi gravada em espanhol também. Quando eu era criança eu gostava daqueles solinhos da guitarra nas paradas. E há aqui também o assobio na melodia da música.

05-Quero ter vc perto de mim- Nenéo - Roberto começa cantando a capela, bem incomum em seus discos. Depois os instrumentos vão aparecendo um a um. Uma música calma com letra do tipo (volta que tá embaçado)...

06-O diamante cor de rosa - RC/EC - talvez a única música instrumental em toda a carreira. A gaita é do Roberto, bela canção, muito bem feita. Nome do segundo filme de sua carreira cinematográfica.

07-Não vou ficar - Tim Maia - O lado 2 do LP abre com essa porrada do síndico da MPB. O naipe de metais está a todo vapor. Letra do estilo (Sai daqui) onde a voz dele está com um alcance incrível e a banda toda perfeita. Há um coral no verso (pensando berrein). E os gritos que ele dá, pouquíssimas vezes tivemos o privilégio de o ver cantando assim. Na boa, se esse disco teve músicas que não saíram ou foram rejeitadas do estilo dessa, é um baú recheado de pérolas que não chegam ao conhecimentos dos fãs. Fica a dica (Bem que poderia sair um Robertology).

08-As curvas da Estrada de Santos- RC/EC - Os metais de novo. Há um eco no bumbo da bateria. Os violinos entram rasgando a música de fora a fora. A música que Emerson Fittipaldi ia ouvindo pra casa da namorada na praia do Gonzaga, como ele mesmo disse num dos especiais do rei. Música revisitada no disco Acústico e no Primera Fila.

09-Sua estupidez (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Letra legal, arranjo com violinos em destaque, porém a versão dele ao violão em um de seus especiais de fim de ano pela Rede Globo está linda. Deveria ser lançada em disco. Tem muito material do rei dos especiais como Se você Pensa do especial de 94, Natal Branco, e outras pérolas que repousam nos arquivos da Globo.

10-OH! Meu imenso amor (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Roberto usa o mesmo recurso vocal que repetiria um ano depois em Vista a Roupa meu bem. Da música do disco de 1969 existe um video curtinho no You Tube circulando atualmente. O arranjo tem uma sonoridade diferente de tudo o que Roberto tinha gravado até então.

11-Não Adianta (Edson Ribeiro)
Canção que seria talvez uma das primeiras vezes em que Roberto usaria a variação de sétima, sétima aumentada e sexta de um acorde. O órgão dá o destaque a partir do verso (Se não existe nada...).

12-Nada tenho a perder-(Getúlio Côrtes)
Essa música foi uma das primeiras que eu descobri como tocava no violão, rs. Variação de quinta e quinta aumentada e que fica muito bem. Além disso, tive o prazer de o Getúlio pessoalmente em 2006. Mas voltando para o disco do Roberto, A canção é boa demais para ficar como última. No vinil por exemplo, há uma perda de qualidade em virtude de ser a última do Lp. Mas não tira o seu brilho. Fecha o disco com chave de ouro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O disco é obrigatório para os que curtem ou não curtem Roberto Carlos. Aqui Roberto flertava com a soul music. Na realidade o flerte com o soul já começara em 68 no disco O Inimitável. A energia com que Roberto gravou as canções, a orquestra, a produção do disco, os temas das músicas... O disco só peca em não trazer as assinaturas dos arranjos das músicas. O disco pode ser chamado de Greatest Hits, pois das 12 músicas, 3 fizeram parte da trilha sonora do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor De Rosa. Um disco a frente da sua época, pois a soul music não tinha chegado em terras brasílicas, muito menos em discos de artistas brasileiros.  As fotos da capa e contra capa são assinadas por Armando Canuto, as letras são diferentes do tipo de amor que o Roberto cantaria a partir da década de 70 até os dias de hoje. 


Na primeira prensagem do LP vinha esse poster abaixo. Poster que eu não tenho, ainda...