Conforme falamos aqui no dia 07 de fevereiro, a Exposição
São Paulo Rock 70 no Sesc Belenzinho, lá fomos eu e um amigo. Uma verdadeira
viagem no tempo para amantes do vinil, do rock, de fotos e tudo que faz parte
do movimento que pegou em cheio nos anos 70. Ao chegar no SESC, onde tem de
tudo um pouco, a caminho do espaço onde rolava a exposição, passamos por um
pavimento onde dava plena visão para a piscina. Paramos por um momento pra
apreciar a vista, tanto que a quantidade de bundas e corpos estilo (violão) que
vimos, por um momento permitiu o comentário: O que a gente tinha vindo fazer
aqui mesmo? Ah, a exposição...
Por mais que algumas pessoas insistam em saudosismo, coisa
de velho, essa exposição foi um presente para nós. Muitas capas de discos
expostas de bandas como Joelho de Porco, Mutantes, Casa das Máquinas, O Terço,
Tutti Frutti, Gil e Rita Lee, Moto Perpétuo (creio que o primeiro registro
fonográfico com Guilherme Arantes), Patrulha do Espaço, Sá & Guarabyra,
Raul Seixas e bandas que eu desconhecia (ponto negativo pra mim e bilhete pra
mãe assinar).
Ver vários LPs de perto provocam todo tipo de comentário.
Comentários como o meu: “Esse disco é loco, eu já peguei um na mão”,
comentários que ouvi lá “Esse eu tenho até hoje”, “Tava escutando esse antes de
sair de casa”, assim também como comentários animadíssimos de gente que além de
não apreciar o vinil os deprecia: “Olha tia aqueles discão antigo que o tio Creyson
tinha”, quando escuto um comentário com esse teor perto de mim, sinto o
equivalente a uma tijolada no meio da espinha, é duro viu?
Depois foi a vez dos compactos. Esses sim, mais raros do que
LPs, pois geralmente a música do compacto (single) não entrava nos LPs.
Caminhando pelas capas de disco, uma fusão entre (chamarei
de conservadorismo) + inovação + tecnologia + de um excelente bom gosto. Uns
quatro pufs, daqueles que permite a pessoa quase deitar e desligar do mundo num
merecido descanso, uma mesa de centro em formato de um LP de vinil, (a minha
cara) e na mesa de vinil quatro mp3 devidamente presos com fones de ouvido da
marca AKG tocando sucessos das bandas que montaram o cenário do rock paulista
na década de 70.
Andando mais um pouco, um painel muito bem feito reunindo as
principais reportagens sobre as bandas, shows, lançamentos em discos, notícias
das principais revistas, jornais destacando a imprensa musical da época. Isso
só reforça o meu pensamento que nasci em época pra lá de errada. O visitante
mais rockeiro de espírito que também sente vontade de ter vivido tudo aquilo
vai entender o que eu digo. Olhando o mural vi uma reportagem ou chamada de
show: “Terço se Une a Mutantes Para Lembrar Beatles”, a reação que eu tive foi:
“Caralho! Quando?”. Lógico, esse pobre infeliz que vos escreve nasceu em 1974,
pela formação da foto que postarei logo a seguir, deve ter sido 75 ou 76. Ou os
shows no Teatro 13 de Maio, Ginásio do Ibirapuera, Teatro Bandeirantes. Um
amigo do meu lado solta o comentário: “Eu vivi tudo isso”. Eu também comentei:
“Maldito!”. Mais adiante TVs de LCD
contando um pouco da história do rock nacional dos anos 70 em imagens, outra TV
de LCD contando quem eram os fotógrafos do rock, quem acompanhou de perto todo
o movimento, tema da Oficina: Fotografia de Espetáculo. Os fotógrafos foram
peça fundamental no registro não apenas da foto, mas de comportamento, impacto
e resposta de público. As gerações futuras jamais viverão um movimento com
tanta intensidade, assim como na Jovem Guarda, Tropicalismo.
Um pouco mais adiante, expostas as capas de discos, mais
capas como o “Tudo foi Feito Pelo Sol” dos Mutantes, Zé Rodrix, entre outros. Na
saída, um livreto com a ficha técnica da exposição, curadores, fontes de
pesquisa e tudo mais. Uma exposição que eu gostaria de ver de novo.