Essa é uma das frases mais ouvidas pelas pessoas que tocam
algum instrumento. Ainda tem a frase “Ah, eu queria / sou apaixonado / meu
sonho é tocar violão”. Vou falar hoje um pouco sobre músicas, mais
especificamente sobre violão. A história de quase todo mundo que toca é mais ou
menos parecida.
·
Ah, tinha um violão velho lá em casa
·
Meu vizinho tocava
·
Meu amigo da escola tocava
No meu caso, eu comecei a participar do grupo de jovens da
igreja católica com meus 14 ou 15 anos e na igreja tinha várias pessoas que
tocavam. E começou a ter aulas numa noite da semana. E um belo dia eu estava
tocando “Marcha Soldado”, com certa ausência de desenvoltura pra montar o Ré e
o Lá. Decorar o que era o sistema de cifras pra mim ainda era algo difícil, afinal,
porque raios o D era Ré e não Dó? Mas eu me cobrava, pois tocar violão era uma
coisa que eu queria. Naquilo era meu dever me dar bem, já que até os 15 anos eu
não era o aluno exemplar da escola, ou seja, era ruim em tudo. Era ruim
empinando pipa, jogando taco, jogando botão, mas no violão havia possibilidade
de eu me dar bem. Já que a música era mais presente em minha vida que futebol,
ou qualquer outra atividade. Tinha um professor, o mesmo cara que tocava na
missa, talvez num primeiro momento não tivesse manifestado em mim uma vontade
de tocar na missa, mas com o tempo pensei: Oh, tocar na missa! Esse professor
também tinha banda (sim, já chamava de banda e não conjunto) hehe. Eis que um
dia um sábado ao chegar na casa dele pra ver um ensaio da banda, ele me entrega
um violão e pasta emprestados dizendo que ia tocar na praia e se eu poderia
tocar na missa que era no dia seguinte. Corri na igreja no sábado ainda, falei
com meu padrinho e expliquei. O clima que ficou no ar é: FUDEU!
E assim lá fui eu tocar na primeira missa por volta de 1989.
Quando está começando ser amigo de alguém que também está começando ajuda
muito. O irmão Sérgio, praticamente cresceu junto sempre tocando. Tocávamos
junto com os discos dos Beatles, bom, pelo menos tentávamos.
O que ajudava muito a gente naquela época eram as revistas
de cifras que vendiam na banca. A maioria VIOLÃO & GUITARRA, ou a VIGU
traziam músicas de vários estilos e épocas, ou as vezes vinha uma edição
inteira sobre um artista ou banda.
Em algumas revistas com músicas em inglês vinham a letra, os
acordes (notas) a tradução e a pronúncia.
Hoje a internet, se não matou, está matando aos poucos a
mídia impressa. Hoje existe vídeo-aula (o que eu acho que não resolve muito)
pois o professor do vídeo, ele não espera você aprender tal acorde, uma levada,
ritmo... o vídeo simplesmente corre, a não ser que você dê um pause. Ainda
encontram-se revistas com cifras em bancas, tem gente que coleciona essas
revistas, ou que guardaram, enfim... elas ainda existem por aí.
Se o leitor pretende um dia tocar violão, vá em frente, não
desista. Agora, uma coisa que me ajudou muito foi a paciência e compreensão das
pessoas em volta. Geralmente quem está começando pergunta: como está? Se o
ouvinte for uma pessoa compreensiva, na certa vai responder: Poxa, você andou
treinando? Tá melhor que a última vez. Caro futuro músico: desconfie. Se cobre
cada vez mais, sempre busque ultrapassar seus limites. Não, não quero com isso
transformá-lo em um neurótico igual a mim.