NO DISC, NO FILMS

O segmento deste blog não é discos e filmes para baixar, embora eu farei comentários sobre discos e filmes que eu gosto e outros que eu não gosto mas acabei assistindo e extraindo algo de legal. Minha opinião pode não interessar para ninguém, mas... pensando bem, tem tanta gente por aí opina e escreve... sou apenas mais um. Apenas um aviso, meus comentários as vezes são corrosivos. Dizem na minha família que eu já nasci rabugento.

sábado, 3 de novembro de 2012

KISS - CREATURES OF THE NIGHT




Kiss o dia que o rock pesou na minha VIDANão tem como ouvir Kiss e não me lembrar do meu pai. Não, ele não era kissmaníaco, não gostava de rock pesado que eu me lembre. Mas eis que o Kiss veio pela primeira vez ao Brasil em 1983. Este que vos escreve tinha apenas 9 anos. Eu vi um comercial na TV e aquilo me chamou a atenção. Não sei se era o comercial do disco Creatures of The Night, não lembro se era sobre o show editado que ia ser veiculado pela Rede Globo, todo cortado, não me lembro. O que me lembro é que aquelas quatro faces mascaradas me chamaram a atenção. Devo ter soltado um sonoro: Paiê, eu quero! Lembro me que em um sábado, ao acordar o disco estava lá. O cheiro do disco de vinil novo, nunca mais senti de 1996 pra cá. Uma capa azul, quatro caras mascarados na capa, olhos incandescentes, a capa de vinil desse disco para uma criança de 09 anos é impactante. Impactante mesmo seria o som, as primeiras porradas do saudoso Eric Carr na bateria abriam o disco com a faixa Creatures of The Night. Sobre esse disco: existe um poderoso eco na gravação dele todo, o que não deixa o disco cansativo, de forma alguma.
Bom, é o primeiro disco que eu ouvi do Kiss. Primeiro disco de rock mais pesado, até então, de rock eu só conhecia Elvis e Beatles. A minha história com o Kiss se intensificaria cada vez mais. Ainda nessa época podíamos encontrar revistas posters da lendária editora Som Três. A qual eu tive, mas sei lá que fim deu. Eu não era neurótico com minhas coisas como sou hoje em matéria de colecionar. Mas essas revistas permitiam a nós (na pré história da militância rockeira) conhecer os discos até o atual, ano em que foram gravados e nome das faixas. Sim, caso quisesse (ouvir) alguns desses discos desconhecidos, ou ia até uma loja de discos (sim, já existiu loja de discos) e comprava ou tentava a sorte de algum amigo ter discos diferentes que provocassem o comentário: Oh, esse eu não conheço. Me grava em uma fita? Me empresta, apesar que hoje eu não empresto nada pra ninguém.
Como meus amigos da época tinham a mesma idade que eu, 8 ou 9 anos, ninguém ali se interessava em música. Só queriam saber de jogar bola, empinar pipa, jogar taco, botão, o único da rua da minha idade que poderia ter sido um astro do rock seria eu. 

Irmão cavalo. 

Cavalão quer dizer mais velho. E minha rua era infestada deles. Os cavalos que chegavam de carro, paravam na porta de um ou outro e tals. Desse pessoal mais velho, dois eram irmãos de um amigo meu. E um dia esse cara compra uma bateria. Bateria, opa tinha a ver com minha cisma com música. Lembro da minha mãe arrumando minha meia me penteando pois eu iria ver a banda do Dorival ensaiar. Na casa do lado da minha. E o Dorival conhecia o Kiss. O quê? Então tudo começava a se encaixar como aqueles brinquedos de madeira de tijolo que ia se conectando e montando uma cidade? Bem antes da bosta dos Lego? Sim, sim querido e estimado e leitor! O Dorival conhecia o Kiss. E tinha alguns discos que estavam relacionados naquela revista pôster que eu tinha. Que eu me lembre ele tinha o Alive II, que pedi emprestado ficou um tempão comigo até um dia ele pediu de volta dizendo que tinha outro disco pra mim. E tinha: o Hotter Than Hell. Cacete o segundo disco do KISS! Hoje seria viável acrescentar mais três palavras: e em vinil!!!
Com o tempo eu fui sabendo da existência de outros e outros discos. Um dia meu pai chega com o Rock and Roll Over. Dizendo que tinha descoberto um tiozinho na feira de sexta que morava atrás do André Ohl (escola que eu estudava, tá bom, eu ia apenas – estudar nunca foi muito o meu forte) e que tinha vários discos do Kiss. Comentário do meu pai: Vou te comprar todos que ele tiver. De quando eu era pequeno, até esse episódio do meu pai conhecer o tiozinho da feira que tinha uns discos do Kiss pra vender, tem um salto de uns 5 ou 6 anos por aí. Algum tempo depois meu pai viria a falecer.
Mas voltemos ao disco Creatures.

Lado A
0         01.  "Creatures of the Night" (Paul Stanley, Adam Mitchell)
A faixa que abre o álbum, abre já metendo o pé na porta. Guitarras bem marcadas, uma das características mais importantes do Kiss. Em Creatures of The Night, as guitarras estão marcando o tempo todo. Paul Stanley nos vocais. Um coral no refrão. O solo de muito bom gosto e técnica.
02.  "Saint And Sinner" (Gene Simmons, Mikel Japp) – 4:50
A cavalice desse disco pesadaço, música de homem que chega em casa arrotando com o palito de dente no canto da boca. Essa pedrada tem um estilo que não é exatamente o som do Kiss, mas a banda desempenha com muita desenvoltura. É uma música de despedida. No caso do Kiss é no mais bom estilo (To vazando que eu to perdendo meu tempo com você).

03.  "Keep Me Comin'" (Paul Stanley, Adam Mitchell)
Uma música em tom alto para Paul Stanley é a coisa mais normal do mundo. Paul tem um alcance fantástico nessa música em que a letra sugere que será a primeira vez da garota. Pouco a pouco a gente percebe que o estilo do Kiss de compor mudou da década de 70 para a de 80. Seus temas continuam fortes mas a forma de compor e de explorar a sua musicalidade mudaram mais ainda.

04.  "Rock and Roll Hell" (Gene Simmons, Bryan Adams, Jim Vallance)
É, ele mesmo. Bryan Adams. Segundo Gene Simmons a música já estava praticamente pronta e o que existe é uma contribuição mínima em um ou outro trecho da letra e no arranjo. Bryan não tinha conseguido até então o sucesso que todos conhecem, mas conseguiria alguns anos depois. A música fala de Inferno do Rock n Roll.
05.  "Danger" (Paul Stanley, Adam Mitchell)
Música que fecha o lado A do disco. Um rock bem barulhento como o Kiss e outras bandas sabe fazer. O solo é de Bob Kulick, é esse sobrenome mesmo. Kulick. Irmão de Bruce Kulick que viria a ser o guitarrista solo alguns anos depois. Segundo Michael James Jackson: Bob fez um grande solo em Danger. Mas não estava na velocidade adequada e tom adequado para Paul cantar. Então samplearam a música alterando a velocidade e tom da música e mantendo o solo de Bob.

Lado B
01. "I Love It Loud"  (Gene Simmons, Vinnie Vincent)
Aparece pela primeira vez em um disco do Kiss o nome de Vinnie Vincent. Que seria a partir de então o guitarrista solo do Kiss por algum tempo. Ace estava praticamente desanimado e não mostrou interesse nenhum em participar de nenhuma das sessões de gravação desse disco. Mas o Kiss não poderia ficar sem um guitarrista solo. Foram testados vários guitarristas, um fez solo aqui, outro ali. O eco poderoso desse disco na bateria foi adquirido no estúdio de Los Angeles, o Record One. A sala era toda revestida de azulejos. Mas não tente montar uma bateria no banheiro pra conseguir o mesmo som. (Se resolver fazer isso grave e mande pro nosso blog). Mas o que conta mesmo são os braços e pés do Paul Caravello. Eric Carr. Nessa época lembro de uma professora me falando: Mas você nem entende o que o Kiss fala nessas músicas. Se o Kiss estiver xingando o presidente... Nessa letra o Gene diz: Eu QUERO ser presidente. Ainda sobre essa música, foi essa que me levou a gostar de Kiss.



2. "I Still Love You" (Paul Stanley, Vinnie Vincent)
Paul disse que não se trata de uma música pessoal. Paul compôs essa música com Vinnie inspirados em Led Zeppelin. Que o Kiss adora aliás. O Kiss já fez vários covers do Zeppelin em shows. Não comparo Eric Carr com John Bonham, até porque gosto dos dois. Mas o Eric aqui nessa música faz bem o estilão Bonham. Pé pesadaço e ótimas viradas. O solo aqui é de Robben Ford. Tremenda técnica.
3. "Killer" (Gene Simmons, Vinnie Vincent)
Começou com Vinnie e Gene foi acrescentando algumas coisas na letra e arranjos. A letra fala sobre assassinato.
4. "War Machine" (Gene Simmons, Bryan Adams, Jim Vallance)
Gene tinha um sintetizador de brinquedo que tinha 5 notas e criou o riff da música a partir desse brinquedo. É uma ótima música pra fechar com chave de ouro um dos discos mais importantes de toda a carreira do Kiss.

Considerações Finais
O último deles com maquiagem, o último disco com o Ace Frehley na capa. Ace participaria da capa, do clip de I Love it Loud, mas não participaria da gravação do álbum.
Bom a ficha técnica já causa espanto, pelo menos pra mim.
Lançamento: 25 de outubro de 1982 (meu aniversário) eu fiz oito anos.
O produtor era o Michael James Jackson. Gene Simmons fala que ele era Michael Jackson até aquele momento. Gene colocou o nome do meio (James) pois não poderia chamar o cara de Michael Jackson. Já imaginou? Estávamos em 1982.
O Creatures é o disco do reencontro do Kiss com o seu som. O disco The Elder de 1981 foi muito criticado. Alguns fãs gostam, outros nem tanto, mas o que é unânime é que aquilo não é o som do Kiss. O disco seguinte Killers, trazia 4 músicas inéditas e outras canções contidas em outros discos (uma coletânea com faixas inéditas), coisa de alto nível mas era um caminho até chegar o nível do som do Creatures. Por que eu estou contando tudo isso? Porque eu gosto de falar de Kiss, hehe. Bom, esse era o período da saída do Ace Frehley, o cara dos riffs inesquecíveis, dos solos com precisão milimétrica, o cara da pegada, o cara da guitarra solo, enfim...
Uma outra informação aos mais atentos é que o Kiss nunca se limitou apenas aos seus integrantes para compor. Vira e mexe sempre tem dedo a mais nas composições (tanto na parte da letra quanto musical) inclusive nas gravações.

 
  1. "Creatures of the Night" (Paul Stanley, Adam Mitchell) – 4:01
  2. "Saint And Sinner" (Gene Simmons, Mikel Japp) – 4:50
  3. "Keep Me Comin'" (Paul Stanley, Adam Mitchell) – 4:00
  4. "Rock and Roll Hell" (Gene Simmons, Bryan Adams, Jim Vallance) – 4:08
  5. "Danger" (Paul Stanley, Adam Mitchell) – 3:55
  6. "I Love It Loud" (Gene Simmons, Vinnie Vincent) – 4:12
  7. "I Still Love You" (Paul Stanley, Vinnie Vincent) – 6:06
  8. "Killer" (Gene Simmons, Vinnie Vincent) – 3:19
  9. "War Machine" (Gene Simmons, Bryan Adams, Jim Vallance) – 4:13


8 comentários:

  1. Olá amigo, que legal saber que vc gosta do Kiss. Eu pra te confessar, quando os vi pela primeira vez na tv quando criança, eu me assustei muito com eles rsrsrs.. mas é coisa de criança né? Assim como me assustei muito quando vi pela primeira vez o videoclipe de Michael Jackson 'Triller' resrsrsr...
    Mas eu gosto de algumas músicas do Kiss, como:'Rock n Roll all night' e 'Forever'(balada). O som é realmente pesado. Mas é um banda muito legal.

    Adorei o texto!
    Abraços XD

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  2. Olá Simone, realmente o KISS é uma grande banda. Gosto pra caramba do Michael também. Obrigado pela visita e pelo comentário. Abraços

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  3. "ia até uma loja de discos (sim, já existiu loja de discos)"...pois é, mano, ainda existem lojas de discos e junto com os sebos de livros é o único tipo de loja que eu gosto, aqui em BH ainda tem uma de discos novos e raros bem bacana, mas nem costumo entrar pois sai bem mais em conta comprar pela internet.

    Não tinha comentado ainda porque não conheço o disco (só o tenho o Lick It Up deles, é uma banda que eu gosto mas não ouço muito, curto mais de tabela mesmo. Não sabia que o Robben Ford (que também gravou com nosso amigo George, aquele que tocava com o Paul, John e Ringo)já gravou com o Kiss.

    No mais, mesmo sem conhecer o disco na íntegra (ainda ouvirei), achei muito bom o post pelos elementos introdutórios, muito bacana a história de como a banda entrou na sua vida.

    grande abraço!

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  4. Como assim mais em conta na internet? Mercado Livre tu diz?

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  5. Se respira história, boa música e saudosismo... me fez lembrar de 1994(eu com 11 anos de idade)entrando com minha mãe nas galerias do centro velho de SP. hoje eu com 30 ainda de tempos em tempos faço esse roteiro, mas... incluso as galerias da Paulista e a Ouro Fino da Augusta!

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  6. Po, vamo marcar de ir junto qualquer dia mano.

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  7. Quis dizer que na internet se encontra preços melhores do que em lojas físicas, não no mercado livre especificamente (que eu nunca comprei), estava pensando no Amazon que eu tenho comprado regularmente uns discos que nem são lançados aqui e só encontra em loja de importados por cerca de R$70 e consigo no Amazon por R$20...e em sites do Brasil mesmo costuma rolar umas promoções legais, os remasters do Beatles eu consegui por R$12,90 se não me engano.

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  8. Ah ta, o Amazon, e quais os sites brasileiros?

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